Tutorial - Técnicas para Iniciantes em Futsal

25-05-2011 10:37

O futsal tem sido uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil, é bem mais fácil o contato como o futsal do que com o futebol por exemplo e isso se vê com facilidade calculando quantas quadras e campos existem para a prática esportiva.

DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES COORDENATIVAS COMO BASE DO APRENDIZADO DA TÉCNICA EM INICIANTES EM FUTSAL

RESUMO


O futsal está crescendo mais e mais e devido a esse crescimento é necessário atenção na forma em que esse esporte é passado aos seus praticantes. O treinamento do futsal tem se preocupado de forma exagerada com a técnica do jogo nas categorias de iniciação.

A técnica é o diferencial e tem uma enorme importância dentro do jogo, porém nas categorias menores não podemos esquecer que estamos trabalhando com corpos em crescimento e desenvolvimento que quando são expostos a trabalhos sem preparação podem ser prejudicados.

Devemos rever o treinamento das categorias de iniciação, saber separar a chamada “escolinha” da turma de treinamento e estar atentos as reais necessidades dessas categorias.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

I - FUTSAL


1.1 - A Origem do Futsal
1.2 - A Técnica do Futsal
1.3 - Problemática das categorias iniciantes

II – A CRIANÇA E O MOVIMENTO

2.1 -
Aprendizado do Esporte
2.2 - Educação Psicomotora
2.3 - Desenvolvimento Motor
2.4 - Capacidades Motoras
2.4.1 - Desenvolver e aperfeiçoar as capacidades motoras
2.4.2 - Capacidade de coordenação

III – DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES COORDENATIVAS

3.1 -
As capacidades coordenativas
3.2 - Os componentes das capacidades coordenativas
3.3 - Treinamento das capacidades coordenativas
3.4 - Exigências para a realização de uma ação coordenada

CONCLUSÃO

INTRODUÇÃO


O treinamento desportivo é um processo que leva tempo e para a preparação inicial o tempo é de anos. A fase mais importante é a constituição das capacidades básicas e necessárias para prática desportiva, no futsal esta fase compreende a iniciação que abrange a faixa etária de cinco a doze anos.

O treinamento busca desenvolver a capacidade de realização dos gestos técnicos sendo que para isso se faz necessário outras capacidades como força, flexibilidade, velocidade, coordenação, esta última ajudando no desenvolvimento psicomotor compõe o alicerce para a aquisição da técnica.

É preciso conhecer os processos de desenvolvimento motor para termos competências ao trabalhar com corpos em crescimento. Para um desempenho satisfatório no esporte se faz necessário o desenvolvimento da coordenação.

A coordenação é um processo complexo que envolve muitas variantes e por esse motivo é uma fase do desenvolvimento que não pode ser pulada.

Esse corte no desenvolvimento motor vem acontecendo em número e freqüência muito grande, devemos nos preocupar primeiro com o desenvolvimento motor para depois pularmos para o desenvolvimento técnico.

CAPÍTULO I

FUTSAL


O futsal tem sido a modalidade esportiva mais praticada no Brasil, e por ser a mais praticada deveria ser melhor observada para que não ocorra erros por parte daqueles que proporcionam a prática à crianças.

A busca incontrolável pela vitória pode estar atrapalhando o processo normal do desenvolvimento das crianças. É visível o salto que se dá no aspecto motor deixando para trás experiências que ao certo vão fazer falta no futuro.

Devemos repensar os métodos e nos prepararmos melhor para que não ocorra a possibilidade de prejudicarmos as crianças.

1.1 - A origem do Futsal

Segundo Andrade (1997) a história do surgimento do futsal com mais aceitação é a de que jovens da Associação Cristã de Moços começaram a praticar por volta dos anos 40.

Diz ele que hoje sendo o segundo esporte mais popular do país o futsal surgiu da dificuldade de se encontrar campos de futebol livres para o lazer e por esse motivo iniciou-se a pratica do futebol em quadras de basquete improvisadas.

Foi preciso uma adaptação ao novo espaço, as equipes variavam em número de jogadores e a bola usada de campo quicava muito e saia freqüentemente da quadra, com o tempo foi se fixando o número máximo de participantes de cinco em cada time e a reduziram o tamanho da bola e aumentaram seu peso.

De acordo com Ferreira (1998) o professor Juan Carlos Ceriani da Associação Cristã de Moços de Montevideo organizou as primeiras regras do futebol de salão tendo como base o basquete, o handbol e pólo aquático com o intuito de inserir a prática do futebol de salão nas aulas de educação física.

O Instituto Técnico da Federação Sul Americana de Associações Cristãs de Moços promoveu um curso onde distribuiu cópias destas regras aos representantes da América do Sul. Asdrúbal Monteiro, João Lotufo e José Rother eram brasileiros presentes nesse curso.

Em 1936 Roger Grain publicou em uma revista de educação física no Brasil as normas e regulamentações para a prática do futebol de salão. (Ferreira 1998)

As primeiras práticas do futebol de salão no Brasil aconteceram nas Associações Cristãs de Moços do Rio de Janeiro e de São Paulo, logo o futebol de salão provocou entusiasmo e já estava presente em clubes e escolas. Essa popularidade toda provocou a obrigação de se fixar as regras do futebol de salão para que todos o praticassem da mesma forma.

Ferreira (1998) diz que a primeira entidade responsável pela organização de um campeonato aberto foi as Associações Cristãs de Moços que usufruindo de suas estruturas promoveram campeonatos já tendo como participantes clubes e outras associações.

Segundo Andrade (1997) o surgimento de várias federações estaduais começou na década de 50, a primeira a ser formada foi a Federação Metropolitana de Futebol de Salão em 28 de julho de 1954 na sede do América Futebol Clube.

A cidade do Rio de Janeiro realizou seu primeiro campeonato em 1956 com 42 disputantes, o título de primeiro campeão carioca ficou com o Imperial.

Também no ano de 1956 foi fundada a Federação Cearense de Futebol de Salão, que seria mais tarde a sede da Confederação Brasileira de Futebol de Salão, já no seu primeiro ano de existência organizou o primeiro campeonato de futebol de salão do Ceará que teve como campeão o Vargas Filho Atlético Clube.

Segundo Ferreira (1998) a Confederação Brasileira de Desportos fundou o Conselho Técnico de Futebol de Salão em março de 1958 onde as Federações Estaduais foram filiadas.

Com isso a unificação e aperfeiçoamento das regras ficou mais fácil, o que possibilitou a realização de campeonatos nacionais, o primeiro Campeonato Brasileiro de Seleções foi disputado em 1959 na cidade de São Paulo tendo como campeão o estado do Rio de Janeiro.

Na década de 60 foi fundada a Confederação Sul Americana de Futebol de Salão que com a participação de quase todos os países da América do Sul teve inicio os primeiros campeonatos sulamericano de clubes.

Na década de 70 João Havelange foi intitulado presidente da então fundada FIFUSA ( Federação Internacional de Futebol de Salão) que seguindo os passos das competições brasileiras realizou os primeiros Pan-Americanos e Mundiais de clubes e seleções já na década de 80.

A Confederação Brasileira de Desportos foi extinta no final da década de 70, como o futebol de salão era vinculado à essa entidade houve o surgimento da Confederação Brasileira de Futebol de Salão que atualmente comando o futsal no país, a CBFS teve como primeiro presidente Aécio de Borba Vasconcelos.

Segundo Andrade (1997) o futebol de salão passa a ser chamado de Futsal a partir da década de 90 com a fusão com a FIFA que adquire o comando do esporte em âmbito internacional.

Ferreira (1998) confirma que com a junção com a FIFA o futsal ganha grande força para se tornar um esporte olímpico e destaca como maior feito do futsal a sua apresentação nas Olimpíadas de Sidney em 2000.

Ferreira (1998) afirma que apesar de as suas primeiras regras terem surgido no Uruguai o futsal como esporte típico do Brasil ganhou popularidade e expressão em nosso país sendo este o país responsável pelo crescimento, organização e divulgação do futsal.

1.2 - A Técnica do Futsal


Nogueira citado por Costa (2003, p.1) escreveu: “O jogador brasileiro que se preza já jogou, joga, ou um dia jogará futebol de salão.

Que, agora, tem novo nome: a FIFA rebatizou-o como futsal... é ai, nesse futebol caçula, que o garoto aprende a dominar os caprichos da bola, levando-a grudadinha, com cola-tudo, no peito do pé... Só faz aquilo quem, menino, viveu na quadra a angústia de tempo e espaço.

Outro recurso próprio do futebol de salão e a condução de bola, tocada, em rápido diálogo, entre os dois pés... Drible curto do tamanho do próprio pé, parece-me outra virtude de quem joga (bem) futebol de salão...

A bola imantada no peito do pé, a falsa passada e, de repente, o corte seco, incisivo, é fruto da necessidade de criar um novo espaço num palmo de chão.

O futebol de salão é a própria infância do futebol brasileiro. È aí que o menino aprende o beabá do jogo. A sola do pé, roçando a bola, numa espécie de afago, é o gesto que prenuncia o drible, esse adorável feitiço...”

Nota-se no texto de Nogueira expressões como – os caprichos da bola; grudadinha, com cola- tudo; a condução de bola, tocada, em rápido diálogo, entre os dois pés; Drible curto do tamanho do próprio pé;

A bola imantada no peito do pé, a falsa passada e, de repente, o corte seco – que são exatamente exemplos da técnica do futsal, o chamado beabá do jogo, que Nogueira destaca, nada mais é do que o saber jogar, ter o controle sobre a técnica do jogo.

Segundo Andrade (1997) a técnica é fundamental para um bom desempenho no jogo, o jogador que possui uma técnica mais desenvolvida é capaz de solucionar mais rápido e melhor os problemas que se apresentam durante o jogo.

O jogador que por algum motivo não tem uma boa técnica limita o uso de seu corpo no jogo, pois em determinado momento não será capaz de usá-lo.

No caso do futsal onde o tempo e espaço são curtos fazse necessário uma técnica muito bem desenvolvida para um melhor aproveitamento no jogo, além de que com uma técnica apurada se realiza os gesto com mais facilidade e economiza-se energia, já que havendo defeitos no movimento haverá desperdício de energia.

Júnior (1998) cita a existência de um perfil técnico que quando desenvolvido a possibilidade de sucesso no jogo aumenta.

Defende que a preparação técnica do futsal tem feito parte de um trabalho onde o futsal tem ajudado atletas profissionais do futebol de campo a resolverem problemas durante certas ocasiões no jogo, o tempo e espaço curto e a necessidade de se criar e pensar rápido constituiria esse perfil técnico.

Muitos jogadores ídolos durante suas passagens pelo futebol se diferenciaram dos outros através da técnica adquirida no futsal, jogadores como Ronaldo, Rivelino e Zico destacavam-se pelos seus dribles curtos e jogadas diferenciadas.

A busca por esse perfil é uma constante, análises eestatísticas evidenciam a preocupação dos clubes espalhados pelo Brasil com a preparação técnica, o treinamento de fundamentos como passes e chutes tem sempre presença marcante.

1.3 - Problemática das Categorias Iniciantes


Junior (1998) diz que a Ciência do Esporte tem ajudado na busca de treinamentos e aprendizados de novas técnicas, através de testes de diferentes métodos se busca entender o movimento humano para uma melhor utilização deste.

Tentando aperfeiçoar determinadas ações técnicas, essas são treinadas em forma de jogos onde há a necessidade de reflexões e decisões rápidas e também em forma de treinamentos onde procura-se reproduzir gestos utilizados nos jogos.

Essa reprodução de gestos é a maior preocupação neste trabalho, segundo Junior (1998) para a reprodução eficiente desses gestos é preciso ter a conscientização eautomatização do movimento, porém aspectos cognitivo, afetivos e motores interferem nessa automatização e antes disto faz-se necessário um suporte motor baseado na multilateralidade dos movimentos, flexibilidade, força, resistência muscular, velocidade, agilidade, potência, tempo de reação, equilíbrio, coordenação.

Junior (1998) cita uma pesquisa realizada no ano de 1996, onde alunos da Universidade São Judas Tadeu obtiveram informações nos clubes que competiam com categorias menores pela Federação Paulista de Futebol de Salão.

Foram entrevistados doze clubes que se situavam na cidade de São Paulo e demais cidades da Grande São Paulo, foi questionado se havia nestas categorias a preocupação com a aprendizagem motora, se existia um programa de desenvolvimento do acervo motor.

Todos responderam de forma afirmativa, porém nenhum técnico demonstrou isso na prática, todas as equipes estavam em período competitivo e a pesquisa teve duração de quatro meses.

Quando perguntaram aos técnicos se acreditavam ser importante um programa de reestruturação de aprendizagem da modalidade futsal, um programa que estruturasse ou reestruturasse o acervo motor dascrianças a reposta foi a mesma para todos – “sim é muito importante” – no entanto na prática isso também não foi detectado , talvez pela pressão de ter que ganhar a competição, e isso em categorias iniciantes.

 

CAPÍTULO II

A CRIANÇA E O MOVIMENTO


Para trabalhar com criança o primeiro passo é conhece-la, a criança é um ser com uma intensa relação de descobrimento com o mundo, e para isso ela interage com o mundo que o cerca através do movimento.

Falar de criança e movimento é praticamente falar do mesmo assunto, quando se vê uma criança parada por muito tempo é certo que algo está errado.

A melhor maneira de se trabalhar com a criança é usar o movimento, e nada mais se ajusta tão fácil para o desenvolvimento de nossas crianças, porém é necessário muito estudo e preparação para que não aconteçam cortes, pulos ou erros na educação motora da criança.

2.1 - Aprendizado do Esporte

Ferreira (1998) diz que o desempenho técnico da criança na iniciação desportiva tem relação direta com suas capacidades motoras, para que a criança tenha total controle sobre as técnicas individuais de um desporto é preciso que a criança tenha total controle sobre suas ações motoras.

Na educação física e na iniciação desportiva há a presença de prática de atividades desportivas e corporais que estimulam de forma direta os aspectos cognitivo, afetivo e psicomotor da criança, e como é conhecido, criança é ”movimento”.

Tendo isso em vista o melhor a se fazer é usufruir do movimento como meio de possibilitar expressão e criatividade à criança.

Sendo a base da educação física e se relacionando com a iniciação desportiva a educação através do movimento permite que a criança bem desenvolvida no domínio psicomotor responda de forma mais fácil aos estímulos que a cerca, facilitando assim a aprendizagem de técnicas específicas de um desporto.

Saber praticar um desporto seria saber utilizar as técnicas corporais básicas e específicas de uma modalidade esportiva, com isso podemos dizer que a aprendizagem desportiva é uma aprendizagem corporal e motora.

2.2 - Educação Psicomotora

Ferreira (1998) define que a junção de ações pedagógicas e psicológicas de uma forma organizada usando os meios da educação física e buscando equilibrar e melhorar o desempenho motor da criança seria o que se entende por educação psicomotora.

A educação psicomotora é o alicerce para o aprendizado, onde a criança desenvolvendo um bom controle sobre seus comandos-motores, sensórios-motores e perceptivo-motores facilitará o aprendizado de hábitos motores mais complexos que no futuro surgirem.

A educação psicomotora não trabalha na linha da idade cronológica e sim na linha biológica, deve-se respeitar a capacidade de cada criança e não exigir dela determinados movimentos sem antes proporcionar uma gama de experiências como suporte para a realização do movimento.

Segundo Ferreira (1998) a aprendizagem motora está sempre presente na vida das pessoas, porém é importante salientar que a faixa etária entre quatro e doze anos tem enorme poder no desenvolvimento motor do indivíduo.

É nessa faixa etária que se inicia o processo de formação do acervo motor que com a aquisição de novas experiências e reavaliação das já aprendidas adquire grande desenvolvimento.

2.3 - Desenvolvimento Motor

Segundo Mello citado por Gomes e Machado (2001, p.37): “A técnica, como movimento esportivo essencial, não pode ser treinada e não será claramente aprendida se a criança não apresentar um desenvolvimento de suas capacidades motoras desejável para realizar determinado gesto específico, e é durante o período de crescimento que a criança desenvolve a maioria de seus movimentos básicos, que servirão de base para a aprendizagem dos movimentos técnicos.”

É preciso que a criança tenha controle sobre as ações motoras que executa. Exemplo disto é a necessidade de desenvolver o equilíbrio para a execução de um chute ou o simples fato de correr com desenvoltura para poder conduzir a bola.(Gomes e Machado, 2001)

Weineck (1989) explica que desenvolvimento é junção dos processos de crescimento e diferenciação do organismo e que não se pode confundir com crescimento que é o aumento da altura, peso, força, volume, quantidade de produção de secreções, que são valores expressos em quantidade. “Crescimento” está ligado ao “desenvolvimento” e é de fundamental importância o conhecimento das fases do desenvolvimento.

Magill citada por Gomes e Machado (2001, p.37) cita: “Desenvolver significa, então, construir um movimento qualitativo, que é a base do domínio motor, às vezes mencionado como domínio psicomotor por implicar o envolvimento de um componente mental ou cognitivo na maioria das habilidades motoras”

Gomes e Machado (2001) explicam que esse movimento qualitativo pode ser tratado como gesto motor. E quando esse gesto motor é executado de forma livre e com facilidade pode-se de forma superficial definir que a criança tem um bom desenvolvimento motor.

No caso do Futsal é fácil identificar a diferença no desenvolvimento entre crianças da mesma faixa etária na execução de gestos técnicos, isso é demonstrado pela facilidade ou dificuldade que cada um tem em chutar, passar ou conduzir a bola.

Para Gomes e Machado (2001) a realização de uma ação motora com perfeição leva a economia de energia e a melhores soluções de problemas durante um jogo.

A execução de um gesto motor técnico (passe, chute, condução) exige o desenvolvimento das capacidades coordenativas, psicofísicas e psicossomáticas do executor, procurando assim atingir de forma satisfatória a qualidade do movimento.

Mesmo quando jamais ter experimentado atividades semelhantes algumas crianças possuem mais facilidade na realização de um movimento do que outras, isso acontece devido as vivências experimentadas por essa criança, quanto maior for essa gama de experiência mais fácil será a aprendizado do gesto motor.

Deve-se conhecer os tipos de respostas que a criança tem em relação a realização de um gesto motor para poder fazer correção e aperfeiçoamento do mesmo:

Segundo Gomes e Machado (2001):

1.- Reflexas: respostas automáticas que reage aos estímulos gerados, não há aprendizagem neste momento.

2.- Maturacionais: nascem com a criança, ou seja, são inatas e a oportunidade de exercitá-las gera aperfeiçoamento, a não execução de exercícios que estimulem essas respostas pode atrasar o desenvolvimento.

3.- Adquiridas: resultado da aprendizagem, respostas complexas geradas com o aprendizado.

O conhecimento da técnica e o tipo de treinamento influenciam na resposta gerada, deve-se no entanto considerar alguns fatores:

Segundo Gomes e Machado (2001):

• Tempo de Treinamento: verificar a dificuldade do gesto motor e a capacidade do seu para calcular o tempo ideal de treinamento.

• Metodologia de Ensino: escolher o método mais adequado para a aprendizagem do gesto motor. Método Global (o gesto é adquirido em forma de jogo), método Parcial ( o gesto é quebrado em partes e adquirido de forma crescente, do simples para o complexo), ou método Misto ( junção dos métodos anteriores).

• Nível Cognitivo das Informações: é necessário que as informações passadas aos alunos sejam do mesmo nível cognitivo dos alunos, e é obvio que o professor tenha total domínio sobre o assunto.

• Acuidade Visual e Feedback:
é preciso perceber se está havendo resposta por partes dos alunos e como essas respostas estão sendo geradas.

Piaget (1982) explica que o desenvolvimento da criança ocorre em quatro fases: sensória-motora (0 a 2 anos), pré-operatória (2 a 7 anos), operatória-concreta (7 a 12 anos) e operatória-formal (adolescência).

Essas fases servem para o professor verificar o conteúdo passado a seus alunos procurando transmitir informações que possam ser compreendidas para assim a qualidade do gesto motor ser atingida.

Segundo Caldas e Ferreira (1997) a fase pré-operatória se divide em dois estágios: estágio egocêntrico ( dois a quatro anos ) e estágio intuitivo ( cinco a sete anos).

No segundo estágio o criança passa a ser capaz de interagir deixando de ser muito egocêntrica, fase onde a noção de espaço e tempo já podem ser desenvolvidas. Ainda pensa somente de forma concreta e por isso se faz necessários demonstrações corporais e contato e não transmissões verbais.

Já na fase Operatória-concreta ( sete a doze anos ) já e possível o trabalho usando a lógica, começa a entender pensamentos abstratos, entretanto com dificuldade.

2.4- Capacidades Motoras

Barbanti (1979) diz que é necessário dois fatores para alcançar o rendimento de cada esporte específico: são eles a intensidade e a técnicas.

Segundo Gomes e Machado (2001) a técnica é o posicionamento em seqüência do movimento respeitando a biomecânica e a intensidade está relacionada com a velocidade e força aplicada ao movimento.

Gomes e Machado (2001) questionam o porquê de uma criança conseguir aprender um movimento e outra não quando as informações são passadas da mesma forma.

No córtex cerebral há uma certa área que é estimulada com informações verbais (auditivo) ou demonstrativas (visual). Essa excitação neuromuscular é processada e transmitida em ordem para a execução pelos músculos.

Barbanti (1979) explica que os estímulos motores recebidos anteriormente são guardados no córtex cerebral da criança, assim como as respostas geradas por esses estímulos.

Quando o movimento é um estímulo novo ocorre a excitação de regiões desnecessárias (partes ou músculos que não precisam participar do movimento) para a execução do gesto desejado.

Isso ocorre devido a irradiação da excitação, ou seja, a excitação se espalha pelos locais próximos aos músculos estimulados, porém com a realização de repetições essa irradiação vai diminuindo até que apenas os músculos necessário são utilizados.

Está claro com isso que a criança que tem um número maior de experiências motoras anteriormente, armazenará um número maior de movimentos e gestos motores e possuirá um melhor desenvolvimento de suas capacidade físicas.

Entretanto poderá ocorrer uma estagnação do desenvolvimento motor se uma criança não apresenta melhoras na execução de um movimento técnico ou motor.

Isso pode acontecer devido a informações adquiridas anteriormente ou falta de informações sobre o movimento. No caso de informações adquiridas anteriormente faz-se necessário uma reeducação motora, já no caso de falta de informações cabe ao professor resolver esse problema.

Gomes e Machado (2001) explicam que o aprendizado de um movimento ocorre em três fases:

Coordenação Rústica dos Movimentos: No primeiro momento devido a irradiação da excitação grupos musculares que não deveriam participar do movimento são utilizados gerando assim rápida fadiga.

A falta de ritmo, precisão, coordenação, equilíbrio não permitem uma execução desejável do movimento, deve o professor analisar de forma geral o movimento realizado e com repetições procurar corrigi-lo.

Coordenação Fina dos Movimentos: Com as repetições o movimento vai sendo refinado, melhorando a coordenação e precisão o aluno passa ter mais controle sobre o movimento.

A diminuição gradativa da irradiação da excitação permite ao aluno a melhora na execução do movimento, no entanto o tempo para se chegar a essa melhora vai depender de cada aluno, do seu feedback e percepção visual.

Estabilização dos Movimentos: Quando a excitação chega ao ponto de somente utilizar os músculos desejáveis a melhora qualitativa do movimento é observada.

Procurando uma melhora a coordenação fina chegamos a fase de automatização, quanto maior a velocidade de execução, segurança, precisão, fluidez, soltura, sensação de facilidade maior a possibilidade de automatização e economia do movimento.

É importante salientar que será muito difícil corrigir e aprender de novo um movimento que foi automatizado de forma errada.

2.4.1 - Desenvolver e Aperfeiçoar as Capacidades Motoras


Gomes e Machado (2001) mostram que no treinamento com crianças antes de mais nada é preciso realizar um desenvolvimento satisfatório das qualidades físicas essenciais, é necessário que a criança tenha conhecimento motores para a execução de técnicas ou gestos motores.

Proporcionar experiências na época adequada para um bom desenvolvimento das capacidades motoras produz adaptações e armazenamento de informações que ajudarão no desenvolvimento geral da criança.

Deve-se ter cuidado com movimentos complexos para que não se exija da criança um domínio motor que ela ainda não possua (os movimentos devem seguir o grau de desenvolvimento da criança).

Para Zakharov (1992) as capacidades motoras são: capacidade de velocidade, capacidade de força, capacidade de coordenação, capacidade de flexibilidade e capacidade de resistência.

2.4.2 - Capacidade de Coordenação

Gomes e Machado (2001) enfatizam que para a aprendizagem da técnica desportiva faz-se necessário o desenvolvimento da coordenação que relaciona-se de forma direta com as experiências anteriores vividas pela criança.

Barbanti (1979) cita: “Coordenação é a função do Sistema Nervoso Central e da musculatura exigida em uma seqüência cinética dirigida” Zakharov (1992) escreve sobre a coordenação: “Pode ser definida ainda como o sentido que representa a capacidade de dirigir os movimentos de acordo com as condições de solução” “As capacidades de dirigir os movimentos baseiam-se, predominantemente, na precisão das percepções motoras (cinestésicas), que se apresentam em combinação com as percepções visuais e auditivas”

Gomes e Machado (2001) explicam que tendo pouca experiência motora a criança não será capaz de perceber de forma satisfatória as diferenças de espaço, tempo e força de um movimento. Por esse motivo a treino de coordenação deve ser antes do treino de aquisições técnicas.

O controle de um gesto motor depende do desenvolvimento das habilidades perceptivo-motoras específicas que influenciam para melhor ou pior na realização do movimento.

Essas habilidades são:
percepção espaço temporal, percepção e conhecimento corporal e domínio multilateral.

Segundo Gomes e Machado (2001):

1.- Percepção Espaço Temporal:
ser capaz de calcular o tempo que um objeto levará para se aproximar, o quanto deverá se deslocar para chegar a um determinado local ou a freqüência de movimentos para a execução de uma tarefa. Trabalha com materiais variados ajudar a ampliar esse conhecimento.

2.- Conhecimento Corporal:
ser capaz de perceber as diferenciações de seu corpo, pois mesmo quando correto a execução de um gesto motor possui um estilo próprio para cada indivíduo, conhecer as capacidades e partes de seu corpo para que possa utilizalos da melhor maneira.

3.- Domínio Multilateral: ser capaz de realizar o movimento tanto do lado dominante como do não dominante, mesmo que não haja o mesmo resultado, porém que seja satisfatório procurando economizar energia.

De acordo com Barbanti (1979) em relação com os músculos a coordenação classifica-se em:

1.- Coordenação Intramuscular:
consiste em uma coordenação mais isolada, ou seja, que tenha relação somente com determinados músculos. Quando pegamos uma caneta por exemplo usamos somente determinados músculos para executar essa tarefa.

2.- Coordenação Intermuscular: consiste em uma coordenação mais ampla, ou seja, que tenha relação com vários grupos musculares ao mesmo tempo. A prática de um esporte exige essa coordenação.

Outra divisão da coordenação é:

1.- Coordenação Geral: vários grupos musculares trabalhando ao mesmo tempo (atletismo, saltos).

2.- Coordenação Óculo-Manual: atividades manipulativas que utilizem as mãos em relação a visão (goleiro, basquete, voleibol).

3.- Coordenação Óculo-Pedal: atividades que utilizem os pés em relação a visão (futsal, futebol).

Como a aprendizagem motora a coordenação também ocorre em três fases:

1.- Coordenação Elementar: ocorre alta perda de energia devido ao usos de grupos musculares desnecessários.

2.- Coordenação Fina: ocorre uma melhora no gasto de energia devido ao melhor uso dos músculos.

3.- Coordenação Finíssima:
ocorre economia devido ao movimento ser realizado com precisão, fase de preparação para o complexo.

Gomes e Machado (2001) confirmam que no jogo de futsal a necessidade de coordenação é muito grande, sendo seu uso uma constante durante o jogo, movimentos técnicos e motores são requisitados a todo o momento.

Por isso é preciso um trabalho de desenvolvimento da capacidade de coordenação que fornecerá mais segurança na realização dos movimentos.

Zakharov (1992) nos mostra que a maturação do sistema nervoso central da criança de seis anos é de 85% a 90% do desenvolvimento total que é atingindo na puberdade.

Movimentos combinados e complexos são mais facilmente realizados com essa maturação que com a chegar do 10-11 anos está pronta para a execução de movimentos específicos.

CAPÍTULO III

 

DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADES COORDENATIVAS

A execução de qualquer movimento tem como base as capacidades coordenativas. Muitos profissionais da Educação Física ignoram o fato de ter a coordenação suas fases mais importantes na infância e na puberdade.

Devem eles possuir visão ampla de tudo que interfira no processo de desenvolvimento e aprendizado de movimentos. Seja na vida cotidiana ou na iniciação esportiva o aperfeiçoamento das capacidades coordenativas tem na infância a sua principal contribuição para a evolução motora do ser humano.

O objeto de estudo da Educação Física é o movimento humano, buscando desenvolver e aprimorar o movimento o professor de Educação Física deve garantir que seu aluno tenha o alicerce para essa aquisição, alicerce esse que nada mais é do que o desenvolvimento das capacidades coordenativas.

3.1 - As capacidades Coordenativas

Weineck (1999) explica que as capacidades coordenativas são necessárias para se obter domínio sobre situações onde reações rápidas são requisitadas. As capacidades coordenativas são a base do desenvolvimento sensorial e motor, facilitando a execução de gestos complexos.

Com a coordenação desenvolvida há a possibilidade de se desenvolver habilidade, economia e precisão são fatores proporcionados por uma boa habilidade, além de ajudar na prevenção de lesões.

O treinamento das capacidades coordenativas permite a aquisição de novas técnicas e aperfeiçoamento das já aprendidas.

O aprendizado de técnicas específicas de uma modalidade esportiva é beneficiado por um bom trabalho e desenvolvimento coordenativo.

3.2 - Os componentes das Capacidades Coordenativas

Segundo Wieneck (1999): Os componentes das capacidades coordenativas são:

1.- Capacidade de Concentração de Movimentos: É identificada por exemplo quando em uma corrida os movimentos de braços e pernas não estão coordenados, influenciando assim de maneira negativa no desempenho.

2.- Capacidade de Diferenciação: É preciso ter capacidade de em diferentes situações ser capaz de analisar o tempo, espaço e grupos musculares necessários para se realizar uma ação. Deve-se diferenciar os requisitos para cada resposta motriz. Pode ser observada no uso da coordenação motora fina ao lidar com por exemplo uma bola, ou até mesmo um tipo de ambiente (água, neve ).

3.- Capacidade de Equilíbrio:
Na sua vida esportiva o atleta sofre inúmeros desequilíbrios, o desenvolvimento desta capacidade produz autoconfiança, melhora o desempenho além de prevenir lesões. Sem esta capacidade toda e qualquer atividade tornase difícil.

4.- Capacidade de Orientação: É dividida em orientação espacial e orientação temporal. A orientação temporal pode ser observada em jogos com bola, onde o atleta precisa desenvolver o chamado tempo de bola.

A orientação espacial é identificada na necessidade do atleta em desenvolver a visão periférica. Ser capaz de saber onde estão posicionados todos os itens relacionados a atividade.

De modo geral a orientação espacial e temporal ocorrem ao mesmo tempo, mas podem ser executadas de forma isoladas.

5.- Capacidade de Reação:
É muito bem observada nas provas do atletismo, já nos jogos com bola tem total influência após o recebimento da bola. Como o próprio nome diz é a capacidade de reagir após um estímulo.

6.- Capacidade de Ritmo:
Conseguir manter uma certa freqüência de movimentos é importante para qualquer modalidade esportiva. O dançarino não pode perder o ritmo. O ritmo errado de movimento prejudica o atleta na execução por exemplo de um lançamento.

7.- Capacidade de Adaptação à Variações:
No futsal por exemplo há uma constante mudanças de adversários, deve cooperar com um número considerável de companheiros, as mudanças de movimentações também são constantes, ou seja, a todo momento está surgindo uma variação do jogo que deve ser adaptada de imediato pelos atletas.

3.3-
Treinamento das capacidades coordenativas Segundo Benda e Greco (1998) o treinamento das capacidades coordenativas tem como melhor fase de treinabilidade a faixa etária de 6 a 14 anos.

Todo movimento tem como base um programa motor geral, é imprescindível o treinamento da capacidade coordenativa geral para o aprendizado de novos movimentos.

Weineck (1999) explica que sem as capacidades físicas como velocidade, resistência, força e flexibilidade é dispensável o treinamento de coordenação.

Porém para que essas capacidades tenham desempenho esportivo é inconcebível o não treinamento de coordenação. Velocidade, resistência, força e flexibilidade são somente eficazez associadas a coordenação.

3.4- Exigências para a Realização de uma Ação Coordenada


De acordo com Benda e Graco (1998) para realizar um treinamento das capacidades coordenativas deve-se levar em consideração dois aspectos, os processos aferente e os eferentes.

A assimilação da informação é realizada pelos chamados analisadores responsáveis pelo procedimento aferente, são os mecanismos utilizados pelo organismo para o entendimento da informação.

Fazem parte desse processo os canais sensoriais: ótico, acústico, tátil, cinestésico e vestibular. Já a própria execução do que foi assimilado é realizada pela motricidade que caracteriza o processo eferente. O organismo assimila a informação (aferente) e executa a informação (efrente).

No processo eferente ainda temos os condicionantes, a motricidade do individuo ao realizar uma ação motora sofre pressão desses condicionantes.

Qualquer ação motora que se execute estará sujeita ao processo dos analisadores responsáveis pelo entendimento da informação e transmissão da mesma à musculatura (motricidade) responsável pela resposta em forma de execução que sempre está sendo condicionada.

É imenso o grau de complexidade do resultado desse procedimento, envolvendo de forma interada diferentes sistemas como muscular e nervoso.

Os seis condicionantes do processo de acordo com Benda e Greco (1998) são:

1.- Pressão de Tempo: tarefas relacionadas com o tempo e com a velocidade.

2.- Pressão de Precisão:
tarefas relacionadas com a exatidão da execução.

3.- Pressão de Organisação: tarefas relacionadas com a superação de várias exigências simultâneas e em seqüência.

4.- Pressão de Complexidade: tarefas relacionadas com muitas e sucessivas exigências.

5.- Pressão de Carga:
tarefas relacionadas a diferentes cargas, seja ela física ou psíquica.

6.- Pressão de Variabilidade:
tarefas relacionadas a superação de exigências em condições de meio ambiente modificadas.

É impressionante a quantidade de exigências que uma ação motora pode ter na sua execução. Por exemplo pode-se imaginar o grande número de combinações que se pode fazer com cinco fatores aferente com dois eferentes (motricidade grossa e fina) com seis elementos condicionantes.

A pergunta que se faz então é: como realizar o treinamento e desenvolvimento das capacidades coordenativas? No treinamento de coordenação deve-se durante a faixa etária entre 6 a 14 anos propor variação de exigências aferentes e eferentes somadas as condições de pressão.

Segundo Benda e Greco (1998) existe a necessidade de trabalhar as habilidades básicas (andar, correr, saltar, lançar) e as técnicas de movimentos, com a finalidade de melhorar a capacidade de recepção de informação (diferentes analisadores), trabalhando com diferentes grupos musculares (motricidade), procurando a variação de condição de pressão para um melhor desenvolvimento coordenativo.

CONCLUSÃO


Desenvolvimento, adaptação e aperfeiçoamento de habilidades e ações motoras definem o processo de aprendizagem motora. O processo visa a organização passo a passo buscando a execução ideal de ações motoras para alcançar determinada meta.

O processo de aprendizagem motora e a aquisição de técnicas têm sido o problema central da motricidade esportiva. O aprendizado da técnica e também o desenvolvimento das capacidades físicas têm como base o desenvolvimento prévio das capacidades coordenativas.

As capacidades coordenativas são o alicerce para uma perfeita realização de um gesto esportivo de alta complexidade e também a base para a realização das tarefas cotidianas.

O aperfeiçoamento através do desenvolvimento das capacidades coordenativas constitui o processo de aprendizagem motora, já o treinamento técnico é a combinação ideal de capacidades como equilíbrio, força, ritmo, flexibilidade, dentre várias outras. Difícil aceitar o treinamento de algo complexo como a técnica sem antes um trabalho de desenvolvimento motor.

As capacidades coordenativas tem grande influência no desenvolvimento das capacidades físicas. A força por exemplo depende do grau de coordenação intra e intermuscular, já a velocidade depende da coordenação na realização de movimentos de alta potência, a resistência pra sua vez tem a coordenação como processo de economia de energia.

Um indivíduo que possui um bom desenvolvimento das capacidades coordenativas está melhor preparado e responderá mais rápido à posição, ao deslocamento, às exigências físicas, cognitivas e psíquicas que a técnica necessita.

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