Preparação desportiva no futsal – organização do treinamento na infância e adolescência

04-10-2010 10:24

INTRODUÇÃO
O Futsal, como esporte nascido e estruturado
sob a influência do futebol (FIGUEIREDO,
1996; HISTÓRIA DO FUTSAL, 1999) -
que no Brasil tornou-se muito popular - nos últimos
anos vem apresentado um crescimento como o do
futebol. O interesse da mídia, dos clubes e associações
e de empresas patrocinadoras, levou o Futsal a
um grande crescimento nas duas últimas décadas,
atingindo e mantendo-se em alto nível (não só considerando
aspectos do jogo, como também
organizacionais, competitivos e profissionais).
O crescimento do Futsal não é notado apenas pela
propaganda no meios de comunicação. Seu fato mais
notório de popularidade é visto nas escolas, clubes e
associações, que encontraram, neste esporte, uma
forma para substituir aquele futebol praticado pelas
crianças nos campos de esquina ou em praças e que,
ano a ano, tornam-se mais escassos.
Além de substituir estes espaços perdidos pelo futebol,
o Futsal constituiu-se como principal fonte de
busca para o futebol dos chamados “talentos
desportivos”. A prática do Futsal que, de forma genérica,
na maioria dos estados brasileiros, inicia-se por volta
dos 05-06 anos de idade, em função da maior participação
(no que se refere a contato com a bola) técnica/
motora da criança, se comparada ao futebol, proporciona
um desenvolvimento mais rápido das bases essenciais
para o desenvolvimento e treinamento de caráter
específico que ocorrerão nos próximos anos. Volume 4 – Número 1 – 1999
DESPORTIVO Artigo Revisão: págs. 55 a 66
T R E I N A M E N T O
Preparação desportiva no futsal – organização
do treinamento na infância e adolescência
Jair de Almeida Machado
Professor e Técnico de Futsal do Iate Clube de Londrina – PR
Antonio Carlos Gomes
Universidade Estadual de Londrina – PR
RESUMO
Este estudo teve como objetivo apresentar um modelo de treinamento
do Futsal para o trabalho de formação no processo de treinamento
de muitos anos, procurando-se concentrar nas categorias
Pré-Mirim (09 e 10 anos) e Mirim (11 e 12 anos), que dentro
do processo encontram-se na etapa de preparação preliminar e
etapa de especialização desportiva inicial. Demonstrou-se que o
treinamento nesta faixa etária deve levar em consideração as etapas
de preparação em que a criança se encontra e as capacidades
motoras que devem ser desenvolvidas. De acordo com a literatura
pesquisada, sugeriu-se uma proposta de trabalho para cada categoria
em um período de 02 anos, quando ocorre a aprendizagem
dos fundamentos do Futsal e o desenvolvimento das capacidades
motoras.
Palavras Chaves: futsal, treinamento, planejamento.
ABSTRACT
This study had as objective to present a model of training of Futsal
for the formation work in the process of training of many years, it
was trying to concentrate in the categories Pré-Mirim (09 and 10
years) and Mirim (11 and 12 years), that inside of the process are
in the stage of preliminary preparation and stage of initial sport
specialization. It was demonstrated that the training in this age
group should take in consideration the preparation stages in that
the child is and the motive capacities that should be developed. In
agreement with the researched literature, it was suggested a work
proposal for each category in a 02 years period, when it happens
the learning of the foundations of Futsal and the development of
the motive capacities.
Key Words: futsal, training, planning.
56 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
Existe uma forma da criança desenvolver-se ou
desenvolver capacidades inerentes a um determinado
esporte, senão participando direta e constantemente
das atividades durante a realização de um treinamento/
aula? Será que um garoto de 05 a 12 anos, na
etapa de formação mais importante da sua vida, irá
“crescer” mais dentro do esporte, participando efetivamente
do treinamento dirigido de Futsal, com participação
constante, ou aprenderá mais nos treinamentos
de futebol de campo onde as proporções de
espaço são aumentadas e, consequentemente, reduzidas
as participações técnicas/motoras?
Podemos notar que muitos profissionais, no trabalho
com crianças, nas aulas ou sessões de treinamento
de Futsal e Futebol, ainda se utilizam de meios
de treinamento (como as filas, por exemplo) nos quais
não há o envolvimento efetivo do aluno ou jovem
atleta durante um tempo suficiente para que se aproveite
do treinamento/aula, ou mesmo controle de
desenvolvimento das capacidades físicas/motoras.
Em conseqüência, cerceando a criança de aprender e
desenvolver. Então, como espera o técnico/professor
utilizar-se futuramente das experiências motoras
desta criança, ou da sua condição física, para o prosseguimento
no treinamento nas etapas seguintes de
preparação desportiva?
Não é o bastante que alguém tenha jogado Futsal
para ser um técnico deste esporte (existem, todavia,
profissionais altamente capacitados que foram atletas
e tornaram-se excelentes treinadores, notoriamente
em equipes adultas), no que se refere ao treinamento
ou trabalho com crianças. É necessário, também,
que este profissional conheça sobre o que
ZAKHAROV (1992) chama de períodos sensitíveis
do treinamento, que são os períodos etários em que
as influências específicas de treino no organismo
humano provocam elevada reação de resposta, que
assegura os ritmos consideráveis de crescimento da
função em treinamento; que ele tenha conhecimentos
suficientes sobre a anatomia da criança; que possua
boa preparação psicológica e amplo conhecimento
específico; é preciso ter noções das etapas de desenvolvimento
desportivo até atingir a fase adulta
competitiva; e que ele saiba com aproveitar as fases
de desenvolvimento da criança.
Este trabalho, levando em consideração a estrutura
organizacional do Treinamento Desportivo, com
todos os aspectos inerentes ao desenvolvimento infantil
dentro da prática desportiva, ocupa-se de criar
subsídios aos profissionais que atuam na área do ensino/
treinamento de Futsal para crianças, procurando,
em específico, sugerir um trabalho metódico e
direcionado, na idade compreendida entre 09 e 12
anos de idade, fase em que WEINECK (1991), trata
como “a melhor idade para aprender”; fase em que
a criança consegue exercer domínio sobre seu corpo,
possuindo um interesse muito grande em aprender e
fazer, em buscar o novo. O bom aproveitamento desta
fase implicará na formação de uma base física/
motora de ótima constituição, sobre a qual dar-se-á,
nas fases futuras do treinamento, um aperfeiçoamento
de caráter altamente eficaz.
Não há intenção, entretanto, de interagir de maneira
única no treinamento da faixa etária citada. Mas
sim, acreditar que os profissionais que dele tomarem
conhecimento, sejam levados a refletir sobre o sistema
de treinamento de que se utiliza, buscando outros
caminhos, auxiliando o desenvolvimento não só
do Futsal - levando até a realização de estudos futuros,
uma vez que há pouca literatura inerente - preparando
bons atletas, como também colaborando com
a formação de conceitos válidos para o treinamento
deste desporto.
ORGANIZAÇÃO DO FUTSAL NAS
CATEGORIAS DE BASE
O CND (Conselho Nacional de Desportos), hoje
extinto, preocupado na época com a prática do futsal,
dividiu o mesmo em categorias conforme a faixa
etária, tendo como base a idade a ser completada no
ano corrente, conforme demonstra o quadro 1:
Com o intuito incentivar a continuação daqueles
atletas que passavam da categoria Infantil e tinham
que competir com atletas de até 19 anos, criou-se
categoria Infanto-Juvenil, abrangendo atletas de 15
e 16 anos, embora não reconhecida oficialmente pela
CBFS (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL
DE SALÃO).
Revista TREINAMENTO DESPORTIVO 57
Além disso, criou-se também a categoria Mamadeira,
com o objetivo de atender, em alguns estados,
crianças com idades inferiores a 07 anos, conforme
apresenta o quadro 2.
Quadro 2 – Categorias do Futsal com seus respectivos tempo de
jogo, utilizada por várias federações estaduais.
FUTSAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA
O Futsal, que no seu princípio era usado como
meio de Educação Física, passou por muitas modificações,
profissionalizou-se e, a exemplo de outros
esportes no Brasil, esqueceu-se do trabalho de formação,
de adaptar o esporte para a prática adequada
em várias idades.
Embora a CBFS só reconheça oficialmente as categorias
Infantil (13 e 14 anos) e Juvenil (15 a 19
anos), as demais categorias inferiores a estas idades
são praticadas em quase todos os clubes e escolas e
regulamentadas por quase todas as federações estaduais.
Se isto acontece, porque estão dirigentes, técnicos
(entendamos como aquele profissional que atua no
clube ou associação, com equipes de escolinha ou competição)
e professores (tratados neste trabalho como o
profissional de escolas públicas ou particulares que se
utilizam do futebol de salão como meio em aulas de
educação física), alheios ou omitindo-se quando se
trata de adequar ou modificar esta prática?
Não se pode esquecer que a criança ou “jovem atleta”
é levado à prática do Futsal influenciado pelo meio
e, em muitos casos, aspirando tornar-se um atleta profissional
de Futsal ou de Futebol. Mas, para que isto
aconteça, deve-se considerar que este pequeno atleta
não pode ser submetido ao mesmo processo de formação
técnica e competitiva dos adultos. O trabalho
feito com crianças deve ter a adaptação adequada para
ela, considerando seu desenvolvimento, além de respeitar
também os seus interesses.
Para KNAPP (197-?), ...o sucesso não deve ser
avaliado simplesmente em termos de vitória... . Isto
implica em dizer que é necessário alcançar a realização
ou satisfação da criança praticante de futsal. Para
isto deve-se analisar os pontos negativos do processo
ao qual está envolvido e adequá-los a prática.
A determinação do tempo de jogo nas categorias
de base, por exemplo, é sempre ponto de discussão
entre técnicos e administradores do Futsal. Uma vez
que não existem publicações de estudos relativos à
adequação do tempo de jogo para cada idade, não se
pode assegurar que 20 minutos, por exemplo, divididos
em 2 tempos de 10 minutos, é mais adequado para
uma criança da categoria Mirim (11 e 12 anos) ou para
uma da categoria Fraldinha (07 e 08 anos - ref. tabela
1). Obviamente que a composição orgânica de uma
criança de 07 anos de idade não é a mesma de uma de
12 anos que está prestes a entrar na puberdade.
Outro fator determinante na formação de jovens
atletas no Futsal é o estresse psicológico causado
pelas competições, que seguem padrões - geralmente
cópia de competições adultas - de alto rendimento
e submetem a criança a um desgaste emocional que
acaba acarretando em desvios de comportamento
(como o medo, a ansiedade negativa, a omissão, etc.)
dentro do esporte. MACHADO (1997), diz que um
atleta pode sentir-se incomodado com a presença dos
pais quando está em atividade. Isto pode ocorrer devido
a um mau relacionamento de pais e filhos dentro
de casa. A imagem que os pais passaram ao filho
durante toda a sua infância pode causar algum trau-
CATEGORIA IDADE
Fraldinha 07 e 08 anos
Pré-Mirim 09 e 10 anos
Mirim 11 e 12 anos
Infantil 13 e 14 anos
Juvenil 15 a 19 anos
Principal até 35 anos
Quadro 1 – Divisão de categorias conforme o CND.
CATEGORIA IDADE DURAÇÃO DA PARTIDA
Mamadeira (Iniciação) 05 e 06 anos 15 minutos
Fraldinha 07 e 08 anos 20 minutos
Pré-Mirim 09 e 10 anos 20 minutos
Mirim 11 e 12 anos 20 minutos
Infantil 13 e 14 anos 30 minutos
Infanto-Juvenil 15 e 16 anos 30 minutos
Juvenil 17 a 19 anos 40 minutos
Adulto Até 35 anos 40 minutos
Feminino Até 35 anos 30 minutos
58 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
ma e a criança cresce com um certo receio de exporse
diante dos pais.
Contudo, existem também casos em que esta presença
é altamente positiva. Casos em que, com a presença
dos pais ou amigos e parentes, pode haver melhora
da performance, para mostrar a todos aquilo que
foi conseguido. Portanto, o relacionamento que o atleta
tem e teve com os pais, o modo que este atleta foi
criado, os acontecimentos, os fatos que marcaram sua
vida, tudo isto vai influenciar o atleta e seu modo de
agir, do início da atividade física até o treinamento e
competição (apud MACHADO, 1997, p. 68-69).
As situações (inerentes ao processo competitivo)
podem exceder os recursos que os competidores possuem
para lidar com estas e esse desequilíbrio entre
demandas e recursos é que pode tornar-se o grande
fator negativo da competição infantil, pois se a criança
ou jovem for submetido a desafios não condizentes
ao seu estágio maturacional, poderão aparecer
problemas no processo de crescimento, desenvolvimento
e maturação, além de implicações psicológicas,
levando a sérias conseqüências físicas e
comportamentais.(DE ROSE JR, 1997).
Se estes problemas existem, a saída então seria
impedir a participação de crianças em competições?
NAHAS (1985), trata isto da seguinte forma: ...é
um desejo natural de aproximação com outras crianças
e a participação em atividades que levam à competição,
à afirmação de superioridade em determinada
habilidade ou jogo...
Se há a manifestação deste desejo na criança,
entendemos então que a forma dela entrar na competição
e os sistemas competitivos é que precisam ser
repensados e direcionados a uma análise formativa
do jovem atleta.
MANTOVANI (1996), diz que o treinamento de
base tem como finalidade a formação básica
polivalente através de meios e métodos de treinamento
múltiplo e de formação geral, bem como aquisição
de habilidades e técnicas básicas, visando estabelecer
uma base ampla.
Esta base, tem muito das experiências que a criança
adquire quando participa de um jogo ou de uma
competição. Torna-se importante, então, adequar as
competições ao processo de formação e entender que
o principal objetivo da competição é constituir valores
formativos e positivos na criança, para que esta
utilize-os em categorias superiores e não seja
desestimulada a continuar sua preparação por fatores
externos de influência psicológica, como ser
perdedor sempre, sentir-se incapaz, sobrecarregado
ou com excesso de responsabilidades. SAMULSKI
(1992), orienta para que o treino desportivo desenvolva
em seus participantes aspectos de autonomia,
auto-confiança, auto-responsabilidade, estímulos
positivos para situações problemas, além de atitudes
sociais como: integração e cooperação, responsabilidade,
apoio social e identificação com o meio.
DESENVOLVIMENTO MOTOR NAS
DIVERSAS FAIXAS ETÁRIAS
No período dos 09 aos 12 anos, de acordo com
WEINECK (1991), a criança encontra-se na primeira
infância escolar (09 anos) e infância escolar tardia (10/
11 e 12 anos). Este período de tempo compreende a
época de melhor aproveitamento para a aprendizagem
dos gestos esportivos sem, entretanto, propor a formação
especificada de gestos. Isto explica-se pelo fato
de que a criança neta idade já passou por um período
de aprendizagem multilateral e plurificado, formando
uma ampla gama de movimentos generalizados, que
formam uma base consistente para o aprendizado de
movimentos com maior teor técnico.
Mesmo falando em gesto técnico, temos que nos
atentar para o fato de que esta não é a melhor idade
par a especialização, e sim para a aprendizagem, a
formação e a constituição de valores oportunos para
aproveitamento em etapas futuras de treinamento.
Aos 09 anos, o bom desenvolvimento de sua capacidade
coordenativa e corporal, assegurado nos
anos anteriores, proporciona maior interesse pelas
atividades, uma vez que consegue desenvolvê-las
com maior qualidade e segurança. A criança nesta
idade e na seguinte possui uma inquietude constante,
buscando sempre a realização de coisas novas e
de atividades interessantes ou atraentes. Nota-se, também,
um comportamento de busca e interação com
grupos ou parceiros.
Com o desenvolvimento cerebral alcançando quaRevista
TREINAMENTO DESPORTIVO 59
se que seu tamanho total a partir dos 08 anos
(WEINECK, 1991), a capacidade de aprendizagem
aumenta consideravelmente, não havendo ainda a
formação de reações reflexas. A maior facilidade de
aprendizagem não é precedida pela capacidade de
fixar estes movimentos.
Aos 10 anos, continua a busca incessante pelo novo
e é notória a capacidade de aprender de uma só vez.
Não se percebem grandes mudanças no espaço decorrido,
sendo estas estritamente graduais. Começa a ser
definida a condição de lateralidade da criança, com os
órgãos sensoriais alcançando seu desenvolvimento e
quase alcançando suas condições adultas.
Observa-se um domínio quase completo sobre seu
corpo, bem como interesse para as atividades competitivas
e que envolvam a participação em grupos.
Aos 11 anos, é o último estágio (não em vias de
regra) antes de entrar na puberdade. A liberdade na
execução de movimentos e uma auto busca de aprendizagem
caracterizam esta idade. É a fase onde aparecem
os primeiros questionamentos e soluções próprias
para a realização de tarefas.
A participação nas atividades tem, em geral, aspecto
prazeroso, devido à satisfação com a fácil realização
de tarefas de maior complexidade. Começa a
melhor fase para o domínio das técnicas básicas.
GOLOMAZOV (1996), diz que a partir dos 11 anos
(até a puberdade) é a melhor idade para o domínio da
técnica e os elementos nela aprendidos não se esquecem
nunca.
Aos 12 anos, a fase de início do exibicionismo,
do aparecimento de algumas características sexuais
e o então adolescente começa a ter uma maior independência
em todos os aspectos, notoriamente, na
auto avaliação na realização de gestos esportivos.
Uma rápida evolução do esquema corporal nesta
idade tende a levar o jovem atleta a um período de
baixa da sua capacidade coordenativa, culminando
com a execução de movimentos exagerados. Devese
considerar, todavia, para uma análise deste tipo, o
nível da sua maturação fisiológica.
A disparidade maturacional de um grupo deve amplamente
ser considerada no momento da planificação
do trabalho, racionando a aplicação de cargas e
considerando as grandes mudanças psicofísicas decorrentes
a partir desta idade.
A ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO DE
TREINAMENTO
A obtenção de altos resultados desportivos tem
como ponto relevante não só o crescente aparecimento
e emprego de novas fontes tecnológicas, mas também
de uma ampla e abrangente filosofia
organizacional do Treinamento Desportivo. A
especificidade desportiva cada vez mais aplicada leva
a organização do treinamento a uma atualização,
buscando sempre soluções para problemas em sua
estrutura, utilizando-se de todas as fontes possíveis
(tecnologia, meios biológicos, etc) para solucionar
problemas e manter-se atualizada.
Para isto, torna-se necessário o conhecimento, a
planificação e o aproveitamento vasto da estrutura
organizacional do treinamento.
A organização do Treinamento Desportivo de alta
competitividade, segundo TUBINO (1984), está sempre
referenciada na lógica, na racionalidade, na
metodologia científica de treinamento, nos recursos
disponíveis, nos prazos existentes, nas demais variáveis
de intervenção, e, principalmente, nas capacidades
e talentos em termos organizacionais dos responsáveis
pelo seu desenvolvimento.
Os elementos que compõem o planejamento de
treinamento são:
Sessão de Treino: definida por ZAKHAROV (1992),
como forma do processo pedagogicamente organizado,
ela representa um sistema de exercícios relativamente
isolado no tempo, que visa a solução das tarefas de dado
microciclo da preparação do desportista, e pode acontecer
uma ou várias vezes em um dia.
De acordo com seu objetivo e orientação, pode
ser divido em sessão de treino propriamente dita
(visa a melhora da condição treinável do atleta) ou
sessão de controle (onde se avalia a eficácia do processo
de treino).
Considerando a preparação funcional do atleta
dentro da sessão de treinamento, ela pode ser dividida
em três etapas: Parte Preparatória ou Inicial, Parte
Principal (Básica ou Fundamental) e Parte Final.
60 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
Microciclo de Treinamento: é um grupo de unidade
de treinamento organizado de tal forma que o
ótimo valor do treinamento pode ser obtido em cada
unidade (BARBANTI, 1979). Para GOMES (1996),
É uma forma de organizar as influências do treino
exercidas no organismo do desportista durante uma
série de dias de treinamento consecutivos que variam
de 03 a 14 dias. É fundamentado na relação entre
esforço (carga) e recuperação.
Embora haja variação em sua duração, os
microciclos mais utilizados são os de 7 dias de duração,
devido à facilidade de controlar a vida do atleta
no que se refere aos fatores complementares do treinamento,
como estudos, disputas extras, o sono, etc.
ZAKHAROV (1992), apresenta quatro tipos de
microciclos, de acordo com o seu objetivo:
• Microciclo de Treinamento
• Microciclo Preparatório de Controle
• Microciclo Pré-Competitivo
• Microciclo Competitivo
GOMES (1996), apresenta cinco tipos de
microciclos:
• Microciclo Ordinário
• Microciclo de Choque
• Microciclo de Controle
• Microciclo Pré-Competitivo
• Microciclo Competitivo
A organização planificada de alguns microciclos
(03-06), compõe um Mesociclo.
A estrutura mensal de treinamento
(Mesociclo): como dito anteriormente é a planificação
de vários microciclos. O mesociclo representa o
elemento da estrutura de preparação do atleta e inclui
uma série de microciclos orientados par a solução
das tarefas do dado macrociclo (período) de preparação.
(ZAKHAROV, 1992).
Este autor apresenta ainda a seguinte classificação
de mesociclo:
• Mesociclo Basico de Treinamento
• Mesociclo Basico de Desenvolvimento
• Mesociclo Básico Estabilizador
• Mesociclo Recuperativo
• Mesociclo Preparatório de Controle
• Mesociclo Pré-Competitivo
• Mesociclo Competitivo
O ciclo anual de treinamento (Macrociclo): compreende
o treinamento de uma temporada por completo
e encerra-se com o peak (ápice da forma física, técnica,
tática e psicológica de um atleta, com duração aproximada
de 10 a 15 dias, tendo como fator determinante o
lastro fisiológico adquirido), onde o atleta ou equipe
deve obter os melhores resultados. Representa a soma
de vários mesociclos, devidamente ordenados, para a
produção ou aquisição de uma forma física ideal em
determinado momento do treinamento.
A duração dos ciclos de treinamento é determinada,
muitas vezes, pelo ano civil. Segundo mostram
as experiências e as investigações especiais, na maioria
dos casos, esses prazos são suficientes para assegurar
a melhoria dos resultados desportivos. Além
disso, é manifesto que em alguns desportos pode-se
renovar a forma desportiva não só em períodos anuais
como também semestrais ou em períodos de tempo
menor. (MATVEEV, 1997).
Para que o pleno rendimento ao final do ciclo de
treinamento seja alcançado é convencionado dividilo
em períodos de treinamento para a formação, manutenção
e perda temporária (não por completa) da
forma desportiva.
Para a programação de objetivos ocorre a
periodização do treinamento, que tem o objetivo de
planejar o pico de rendimento desportivo e pode ser
simples ou não, objetivando-se maior rendimento em
apenas uma competição ou em mais de uma. Segundo
DANTAS (1986) e TUBINO (1984), o treinamento
deve ser organizado sob quatro períodos, já para outros
autores (MATVEEV, 1997; ZAKHAROV, 1992;
FERNANDES, 1981; BARBANTI, 1979), ocorrem
apenas três períodos, conforme mostra o quadro 3:
O TREINAMENTO DESPORTIVO DURANTE
MUITOS ANOS
Quando falamos em rendimento esportivo, automaticamente
associamos a idéia de treinamento de
muitos anos, assim como associamos a esta o que
ZAKHAROV (1992) chama de fases sensíveis do
treinamento, definidas por ele como etapas de
Revista TREINAMENTO DESPORTIVO 61
maturação biológica em que o desenvolvimento de
uma ou mais capacidades físicas é ótimo.
Entendemos então, que não se torna possível o
aprendizado dos elementos que compõem a técnica
do Futsal por uma criança ou adolescente, ou a obtenção
de alto rendimento futuro dentro do seu desporto,
se a sua condição físico-motora não estiver
preparada para realizar, com a qualidade necessária,
um determinado movimento dentro deste desporto,
quer ele exija alto grau de especificidade ou não.
FILIN (1996), preconiza que para que se tenha
sucesso no treinamento a longo prazo, é necessário
levar em conta os seguintes fatores:
• idade ótima para atingir os altos resultados no desporto
praticado;
• objetivo de treinamento na etapa em questão;
• nível da preparação técnica, tática e física que
devem atingir os atletas;
• conjunto dos meios efetivos, métodos e formar
organizacionais de preparação;
• cargas de treinamento e competição;
• normas e controle.
O tempo de preparação de muitos anos, segundo
este autor, pode variar de 04 a 09 anos, onde se conseguem
os melhores resultados. Estes tempo de resultado
apresenta variação de acordo com planejamento
ao longo dos anos, a aplicação adequada do
trabalho a cada idade e o aproveitamento da idade
ótima de desenvolvimento das capacidades físicas.
De acordo com ZAKHAROV (1992), o processo
de treinamento de muitos anos apresenta cinco etapas,
dependendo do objetivo a ser atingido, onde
cada etapa está relacionada com a solução de determinadas
tarefas de preparação do atleta. O autor cita
ainda que a preparação de muitos anos racionalmente
estruturada pressupõe uma seqüência rigorosa na
solução destas tarefas, condicionada pelas particularidades
biológicas de desenvolvimento do organismo
humano, pelas leis naturais de formação da
maestria desportiva numa modalidade desportiva,
pela eficiência dos meios de treinamento e dos métodos
de preparação, etc.
Estas etapas de preparação no processo de muitos
anos, não evidenciam tempo específico para cada uma
delas, sendo que a passagem do atleta de uma fase
para outra é caracterizada pelo seu ótimo desempenho
em determinada etapa, dependendo para isto da
capacitação e da formação restritiva e inerente.
Etapa de preparação preliminar: esta é a fase
onde irá desenvolver o ser como um todo, propiciando
a formação e preparação multilaterais e harmoniosas.
Esta preparação formará uma base sólida através
da diversificação das atividades, constituindo-se,
mais tarde, como alicerce para as etapas seguintes.
A formação física nesta etapa compreende o seu
desenvolvimento rigorosamente correspondendo com
disposição fisiológica do indivíduo. Implica em aprimorar,
mas respeitar seus limites fisiológicos, o que
irá caracterizar transtornos futuros.
Para FILIN (1996), a formação dos hábitos motores
é a base necessária para o aperfeiçoamento
subsequente dos movimentos racionais e aperfeiçoamento
do sistema motor. É importante que as crianças,
desde o início da prática, assimilem as técnicas
principais dos exercícios completos e não dos detalhes
individualizados.
ZAKHAROV (1992), cita que,
esta etapa, não vale apressar-se com a especialização
desportiva estreita. Seria mais correto
proporciona ao desportista iniciante a
possibilidade de experimentar suas forças em
diferentes exercícios desportivos e só depois
disso definir o tipo da futura especialização.
Na aprendizagem do Futsal, significa dizer que
PERÍODOS AUTORES
Pré-preparatório
Preparatório
Competitivo
Transição
Dantas (1986)
Tubino (1984)
Preparatório
Competitivo
Transição
Matveev (1997)
Zakharov (1992)
Fernandes (1981)
Matveev (1986)
Barbanti (1979)
Quadro 3 – Estrutura dos períodos de treinamento, de acordo com
alguns autores.
62 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
esta é a etapa onde irá se criar hábitos motores que
venham facilitar a aprendizagem da técnica específica.
Os elementos constitutivos da técnica devem
aparecer como meio para este desenvolvimento e não
como finalidade.
Etapa de especialização inicial: Corresponde à
época do treinamento em que as pré-disposições de
especificidade desportiva começam a ser ressaltadas e
compreende os dois ou três primeiros anos da criança
ou adolescente na escola desportiva; de forma genérica,
coincide com a as fases pré-pubertária e pubertária.
Para FILIN (1996), o objetivo do treinamento nesta
etapa é a preparação física total e o início da formação
fundamental da preparação especial, o que vai garantir
o sucesso no desporto escolhido nos anos a seguir.
Os trabalhos de desenvolvimento geral ainda ocupam
maior parte do treinamento, representando em torno
de 80% do volume total e por volta de 20% de trabalho
com regime específico, sendo que no final desta
etapa, pode chegar a até 50% em cada situação, considerando-
se, entretanto, o ritmo individual de desenvolvimento
e o caráter de especificidade de cada desporto.
Na especificidade do desenvolvimento das capacidades
físicas, ZAKHAROV (1992) e MATVEEV
(1986), aconselham uma atenção maior às aptidões
de força geral, velocidade e resistência geral, esta
última com mais ênfase, uma vez que é uma capacidade
inerente à maioria dos desportos e o seu desenvolvimento
adequado não causa danos posteriores ao
desenvolvimento das demais capacidades.
Etapa de especialização aprofundada: tem início
por volta dos 16/17 anos e é a fase do treinamento
em que todas as capacidades físicas, técnicas, táticas
e volitivas são amplamente ressaltadas. O aumento
na duração e freqüência dos treinos leva a um conseqüente
aumento do tempo dedicado à
especificidade ou à preparação especial.
Nesta etapa, o treinamento objetiva o aproveitamento
total das potencialidades do atleta, evidenciando
uma grande elevação no volume do treinamento
técnico e tático (principalmente para os esportes
coletivos ou de combate), visando o máximo aproveitamento
destes aspectos, que dependem da boa
preparação física adquirida e podem ainda ser assegurados
por meio de competições.
O objetivo principal nesta etapa é garantir o domínio
perfeito da técnica desportiva em condições
complexas, garantir a sua individualização e desenvolver
qualidades físicas e volitivas que contribuam
para o aperfeiçoamento do alto nível técnico e tático
do jovem atleta. FILIN (1996).
Etapa de resultados superiores: para
ZAKHAROV (1992), o objetivo desta etapa é a obtenção
de resultados superiores (máximos individuais) em
sua modalidade. Sua duração coincide com os limites
da idade ótima do período de resultados superiores. O
autor cita ainda que outra característica básica desta fase
é a existência do mesociclo competitivo de 04 a 08 semanas
de duração, no período que precede imediatamente
as principais competições do ano.
Acontece ainda uma redução significativa do período
de preparação, aumentando-se o período de
competição em até 06-10 meses por ano, utilizandose
as competições em série.
Etapa de manutenção dos resultados: como o
subtítulo se faz, esta etapa visa a manutenção do potencial
adquirido, do alto nível dos resultados adquiridos,
procurando dar longevidade a estes resultados
com a atividade competitiva, tornado-se o fator
de maior influência sobre o atleta e o aumento desta
prática constitui-se no principal meio de manutenção
de sua forma.
O tempo de atuação do atleta, na etapa de manutenção
de resultados, depende muito da modalidade.
Quanto mais complexa a estrutura da atividade competitiva,
quanto maior o número de fatores relativamente
iguais que determinam sua eficiência, quanto
menor a influência da idade sobre este fatores, tanto
mais prolongada poderá ser a etapa de manutenção
de resultados. ZAKHAROV (1992).
O quadro 4 mostra, segundo GOMES (1997,
p.22-23), a proporção do volume de treinamento que
deve ser dedicado à preparação geral e à preparação
especial/específica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com a literatura referendada e utilizando-
se da divisão de categorias menores do Futsal,
adotada pela maioria das federações estaduais, elaRevista
TREINAMENTO DESPORTIVO 63
boramos um plano direcionário de treinamento para
as categorias Pré-Mirim (09 e 10 anos) e Mirim (11 e
12 anos), com um planejamento a ser desenvolvido
em um período de 04 anos, para os componentes
físicos e técnicos (LUCENA, 1994; SANTANA,
1996; TOLUSSI, 1988), sendo que o componente
tático não deve exercer grande ênfase neste momento
da preparação desportiva.
Alguns aspectos foram considerados para a elaboração
deste planejamento:
• a etapa de preparação em que a criança se encontra;
• o número de sessões semanais utilizadas na maioria
dos clubes e escolas para as categorias - Pré-
Mirim: 02 anos e Mirim: 03 anos;
• a duração de cada sessão (60 minutos), de acordo
com a padronização utilizada nos clubes e escolas
e de referência bibliográfica;
• o período de treinamento utilizado pelos clubes/
escolas (fevereiro a novembro) que define o ciclo
anual de treinamento;
• a fase sensível para o desenvolvimento das capacidade
físicas em que se encontram.
PLANEJAMENTO DO TREINAMENTO
NO FUTSAL MASCULINO, NO CICLO
DE 04 ANOS, PARA A FAIXA ETÁRIA
DE 09 A 12 ANOS
Categoria Pré-Mirim: dentro de um sistema de
preparação de muitos anos, encontra-se na etapa de
preparação preliminar (ZAKHAROV, 1992) e tem
duração de 02 anos, visando, o trabalho desenvolvido,
assegurar a preparação harmoniosa e multilateral
do organismo do jovem atleta, proporcionando a
aprendizagem e vivência do maior número de experiências
possíveis (corridas variadas, saltos diversificados,
exercícios que envolvam equilíbrio, rolamentos,
escalamento, etc). Esta é a fase ou etapa em que
o treinamento dirigido constituirá a base ou alicerce
do treinamento específico das etapas futuras.
Com relação às cargas de treinamento, 90-75% do
total do treino deve ser de carga geral e 10-25% de
trabalho especial ou específico (GOMES, 1992), podendo-
se aumentar a parte específica, reduzindo-se a
geral, em determinado período do segundo ano de treinamento
(levando em consideração o nível de desenvolvimento
dos atletas/alunos), buscando uma adaptação
para a etapa seguinte, com o aprendizado das
capacidades físicas, sendo trabalhados essencialmente
de forma geral, dando atenção especial ao desenvolvimento
das capacidades de rapidez (velocidade) e
coordenação, que conforme ZAKHAROV (1992), servem
de base ao domínio das ações complexas.
Os elementos técnicos, no primeiro ano, são apresentados
separadamente, compondo um mesociclo,
e devem ser trabalhados através de jogos que não
representem a forma específica do movimento, preocupando-
se apenas com a fixação do processo completo
do gesto. No segundo ano, aparecem de forma
combinada (chute e passe; condução e chute; drible
e passe; etc), atendo-se, entretanto, em situações
diversificadas, que podem ocorrer durante o jogo (entenda-
se: o Futsal propriamente dito), não incorporando,
seguidamente, trabalhos nos quais a criança
irá realizar gestos da técnica de grande complexidade
ou que acarretam sobrecarga sobre o aparelho
locomotor, como o chute de voleio ou o chute com o
Etapas % Volume Geral % Volume Especial/Específico
Preparação Preliminar 90-75% 10-25%
Especialização Desportiva Inicial 75-50% 25-50%
Especialização Aprofundada 50-25% 50-75%
Resultados Desportivos Superiores 25-15% 75-85%
Manutenção de Resultados 15-10% 85-90%
Quadro 4 – Distribuição do volume de treino de caráter geral e específico nas etapas de preparação de muitos anos.
64 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
dorso do pé, que exerce grande aplicação de força
sobre as articulações do joelho e tornozelo.
As competições, nesta etapa, farão parte dos fatores
complementares do treinamento, não exercendo grande
importância sobre a época do período de treinamento
em que acontecerem, conforme quadros 5 e 6.
Categoria Mirim: considerando a passagem do
atleta pela etapa preliminar (justificada pelo fato dele
poder estar começando sua vida esportiva só partir
de agora, não tendo passado pela etapa anterior), esta
categoria enquadra-se na etapa de especialização esportiva
inicial. Representa os dois primeiros anos do
atleta nesta etapa e objetiva principalmente, ainda, a
preparação geral e multilateral, dando início à formação
fundamental da preparação especial, que para
FILIN (1996), vai garantir o sucesso no desporto
escolhido nos anos a seguir.
As cargas de trabalho apresentam, no início do primeiro
ano, uma proporção de aproximadamente 75-50%
de carga generalizada e em torno de 25-50% de carga
especial (GOMES, 1992), com estes limites podendo
variar um pouco, sobre a dependência do nível de desenvolvimento
apresentado na etapa anterior.
O desenvolvimento do trabalho de formação téc-
Quadro 5 – Conteúdo do treinamento do primeiro ano - categoria Pré-Mirim.
Quadro 6 – Conteúdo do treinamento no segundo ano - categoria Pré-Mirim.
1º Semestre
MESES
CONTEÚDO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
TÉCNICO
Férias
• avaliação;
• controle de bola.
• passe. • condução. • domínio. • marcar e
desmarcar.
FÍSICO
Férias
• avaliação;
• coordenação geral;
• flexibilidade geral.
• coordenação
geral e específica.
• velocidade.
• resistência aeróbica
geral;
• flexibilidade geral.
• velocidade.
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Transição
Pré-Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
2º Semestre
MESES
CONTEÚDO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
TÉCNICO
• proteção de bola.
• chute.
• drible.
• antecipação,
• avaliação;
• diversificação de
fundamentos.
Férias
FÍSICO
• força geral.
• coordenação
geral;
• flexibilidade geral.
• coordenação geral ;
• velocidade.
• força geral;
• velocidade de
reação.
• avaliação;
• resistência aeróbica
geral.
Férias
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Transição
1º Semestre
MESES
CONTEÚDO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
TÉCNICO
Férias
• avaliação geral;
• domínio e controle.
• antecipação e
condução.
• drible e chute.
• condução e passe. • marcar e
desmarcar.
FÍSICO
Férias
• avaliação geral;
• coordenação;
• flexibilidade.
• resistência
aeróbica geral;
• velocidade de
reação.
• velocidade de
deslocamento;
• força explosiva.
• resistência aeróbica
geral;
• flexibilidade geral.
• velocidade de
deslocamento.
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Transição
Pré-Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
2º Semestre
MESES
CONTEÚDO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
TÉCNICO
• proteção e
antecipação.
• domínio e chute.
• drible e passe. • condução, passe e
chute.
• avaliação geral;
• diversificação dos
fundamento.
Férias
FÍSICO
• força geral.
• coordenação geral;
• flexibilidade geral.
• resistência
aeróbica geral.
• resistência aeróbica
geral.
• avaliação geral;
• flexibilidade geral.
Férias
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Transição
Revista TREINAMENTO DESPORTIVO 65
nica objetiva a formação de movimentos de base dos
gestos técnicos. Para ZAKHAROV (1992),
é preciso procurar fazer com que os
desportistas iniciantes passem a aprender as
bases da técnica racional de ações motoras e
que seja mais ampla a variedade de diferentes
hábitos e experiências motoras. Isto assegurará,
no período posterior, o aperfeiçoamento
mais bem sucedido da técnica desportiva.
A exemplo da categoria anterior, os fundamentos
técnicos no primeiro ano de treinamento aparecem
de forma isolada dentro de um mesociclo, e no
segundo ano, são apresentados de forma combinada,
perfazendo situações decorrentes no jogo ou
competição.
A abordagem tática segue o princípio genérico,
não determinando funções de especificidade única, e
sim oportunizando cada criança a participar em todas
as funções, proporcionando um ganho de conhecimentos.
A passagem da criança por todas as posições
ocasionará uma pré-definição para uma especialização
tática futura.
Quadro 7 – Conteúdo do treinamento no primeiro ano - categoria Mirim.
Quadro 8 – Conteúdo do treinamento no segundo ano - categoria Mirim.
1º Semestre
MESES
CONTEÚDO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
TÉCNICO
Férias
• avaliação;
• controle de bola.
• passe . • condução. • domínio. • marcar e
desmarcar.
FÍSICO
Férias
• avaliação;
• coordenação geral;
• flexibilidade geral.
• resistência
aeróbica geral;
• força geral.
• velocidade.
• coordenação geral e
específica;
• flexibilidade geral.
• velocidade.
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Transição
Pré-Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
2º Semestre
MESES
CONTEÚDO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
TÉCNICO
• drible.
• chute.
• proteção de bola
• antecipação,
• avaliação;
• diversificação de
fundamentos.
Férias
FÍSICO
• resistência
aeróbica geral.
• coordenação
geral;
• flexibilidade geral.
• coordenação geral ;
• velocidade.
• força geral;
• velocidade de
reação.
• avaliação;
• resistência aeróbica
geral.
Férias
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Competitivo
Competitivo
Transição
1º Semestre
MESES
CONTEÚDO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO
TÉCNICO
Férias
• avaliação geral;
• domínio e controle.
• antecipação e
condução.
• drible e chute.
• condução e passe. • marcar e
desmarcar.
FÍSICO
Férias
• avaliação geral;
• coordenação;
• resistência aeróbica
geral.
• velocidade de
reação;
• flexibilidade
geral.
• velocidade de
deslocamento;
• força explosiva.
• resistência aeróbica
geral;
• flexibilidade geral.
• velocidade de
deslocamento.
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Transição
Pré-Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Preparatório
2º Semestre
MESES
CONTEÚDO JULHO AGOSTO SETEMBRO OUTUBRO NOVEMBRO DEZEMBRO
TÉCNICO
• proteção e
antecipação.
• domínio e chute.
• drible e passe. • condução, passe e
chute.
• avaliação geral;
• diversificação dos
fundamento.
Férias
FÍSICO
• força geral.
• coordenação geral;
• flexibilidade geral.
• resistência
aeróbica geral.
• resistência aeróbica
geral.
• avaliação geral;
• flexibilidade geral.
Férias
PERÍODO DE
TREINAMENTO
Preparatório
Preparatório
Preparatório
Competitivo
Competitivo
Transição
66 Revista TREINAMENTO DESPORTIVO
Os quadros 7 e 8 apresentam o conteúdo de treino
do primeiro e segundo ano da categoria mirim.
Considerando-se a literatura referendada, pudemos
concluir que o treinamento desportivo, como
processo de muitos anos, encontra sua fase de maior
importância para a constituição de bases necessárias
para a especialização, nas etapas de preparação preliminar
e preparação desportiva inicial, onde se enquadram
as categorias Pré-Mirim (09 e 10 anos) e
Mirim (11 e12 anos) do Futsal.
É possível e aconselhável o treinamento do Futsal
nestas categorias, desde que sejam levadas em consideração
as fases sensíveis de desenvolvimento físico
da criança e a formação correta dos elementos
constitutivos da técnica do Futsal, constituindo bases
suficientes que oportunizem a continuidade dentro
da prática e a especialização futura.
Isto implica, principalmente, no planejamento,
definição de objetivos e organização do treinamento
na faixa etária correspondente às categorias
mencionadas. Desta forma, o técnico ou professor
estará assegurando um desenvolvimento integral
(físico/técnico) da criança sem, para isto, interferir
negativamente no seu processo de formação
biológica.
Sugerimos, entretanto, estudos relativos e de efeito
comparativo a este para as categorias que precedem
ou sucedem o período etário abordado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBANTI, V. J. Teoria e prática do treinamento desportivo.
São Paulo: Edgard Brucher, 1979.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. Rio de
Janeiro: Sprint, 1985.
DE ROSE JR., D. Sintomas do Stress no esporte Infanto-Juvenil.
Revista Treinamento Desportivo, v.II,, n.03, p. 12-20, 1997.
FERNANDES, J. L. O treinamento desportivo: procedimentos,
organização e métodos. São Paulo: EPU, 1981.
FIGUEIREDO, V. A história do futebol de salão: origem, evolução
e estatísticas. Fortaleza: IOCE, 1996.
FILIN, V. P; VOLKOV, V.M. Seleção de talento nos desportos.
organização e adaptação científica: Antonio Carlos Gomes, Edson
Marcos de Godoy Palomares, Pedro Lanaro Filho: tradução
Antonio Carlos Gomes e Edson Marcos de Godoy Palomares.
Londrina : Midiograf, 1998.
GOMES, A. C; ARAÚJO FILHO, N. P. Cross training: uma
abordagem metodológica. Londrina: APEF, 1992.
GOMES, A. C. Sistema e estruturação do ciclo anual de treinamento.
Revista da Associação dos Professores de Educação
Física de Londrina, v. X, n. 18, pág. 77-84, 1995.
GOMES, A. C. e TEIXEIRA, M. Esportes, projeto de treinamento.
Londrina: CID, 1997.
GOLOMAZOV, S; SHIRVA, B. Futebol: treino da qualidade do
movimento para atletas jovens. Adaptação técnica e científica por
Antonio Carlos Gomes, Marcelo Mantovani. São Paulo: FMU, 1996.
História do futsal (online). Disponível na Internet: https://
www.ligafutsal.com.br/história.htm. Arquivo capturado em 11/
05/96.
KNAPP, B. Desporto e motricidade. Lisboa: Editora Gráfica
Portuguesa, [197-?].
LUCENA, R. Futsal e a iniciação. Rio de Janeiro: Sprint,
3ª edição, 1994.
MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: temas emergentes
1. Jundiaí: Ápice, 1997.
MANTOVANI, M. A formação do atleta de futebol. Revista Treinamento
Desportivo, v.1, nº 1, p. 95-99, 1996.
MATVEEV, L. P. Treino desportivo: metodologia e planejamento.
Adaptação técnica e científica por Antonio Carlos Gomes.
Guarulhos: Phorte, 1997.
MATVEEV, L. P. Fundamentos do treino desportivo. Tradução
por Manuel Ruas. Lisboa: Livros Horizonte, 1986.
NAHAS, M. V. A competição e a criança. Revista Comunidade
Esportiva, v.1, nº 15, p. 02-05, 1985.
SAMULSKI, D. Psicologia do esporte. Belo Horizonte: Imprensa
Universitária, 1992.
SANTANA, W. Futsal: metodologia da participação. Londrina:
LIDO, 1996.
TOLUSSI, F.C. Futebol de salão: tática, regras e história. São
Paulo: Hemus,1988.
TUBINO, M. J. G. Metodologia científica do treinamento
desportivo. São Paulo: Ibrasa, 1984.
WEINECK, J. Biologia do esporte. Traduzido por Anita Viviane.
São Paulo: Manole, 1991.
ZAKHAROV, A. Ciência do treinamento desportivo. Adaptação
científica Antonio Carlos Gomes. Rio de Janeiro: Grupo Palestra
Sport, 1992.
ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA:
Rua Mauá, 838 / 1102 – CEP 80030-200
Curitiba – Paraná

Voltar