FUTSAL PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS VISUAIS

24-06-2011 09:11

Maíra da Silva Madrid
Orientador: Profº Luciano Dornelles
RESUMO

A prática do futsal para “portadores de necessidades especiais visuais” (PNEV) já desponta com um novo significado na sociedade e deixa de ter um caráter negativo e preconceituoso, tornando o esporte um dos mais procurados no Brasil . Entre os objetivos para a realização deste trabalho destacam-se os seguintes: Identificar os benefícios que se têm com a prática e descrever a sua importância com a devida fundamentação teórica de um profissional da Educação Física. Este estudo, especificamente, tem um caráter mais qualitativo, tendo como coleta de dados a pesquisa bibliográfica, partimos para uma análise através dos autores Da Matta (1982) , Souza (2002) e Castellani (1985), com a realização, então da pesquisa bibliográfica, a coleta de artigos relacionados à área de futsal para PNEV e sites relacionados ao assunto; foi bastante interessante, mas sem muitos recursos e falta de informações para a pesquisa. A seguir, realizamos a tabulação destes artigos e a conseqüente análise do material, para então elaborar um texto final em forma de relatório: este estudo com esse resultado, confirmar ser imprescindível. Como resultados, desenvolver os fundamentos do futebol de cinco, mostrando a importância da prática de esporte para qualquer pessoa, inclusive, o deficiente visual, mostrando que a limitação deixa de ser obstáculo e passa a ser motivação, eis que superar é a condição para o bom resultado.
Palavras Chave: Futsal, Deficiente Visual, História do Esporte.



ABSTRACT

The practice of the futsal for "bearers of visual" special needs (PNEV) it already blunts with a new meaning in the society and clue of having a negative character and prejudice, turning the sport one of the more sought in Brazil. Among the objectives for the accomplishment of this work stand out the following ones: To identify the benefits that are had with the practice and to describe his/her importance with a professional's of the Physical education due theoretical foundation. This study, specifically, has a more qualitative character, tends as collection of data the bibliographical research, we left for an analysis through the authors Of Matta (1982) , Souza (2002) and Castellani (1985) , with the accomplishment, then of the bibliographical research, the collection of goods related to the futsal area for PNEV and sites related to the subject; it was quite interesting, but without many resources and lack of information for the research. To proceed, we accomplished the tabulation of these goods and the consequent analysis of the material, for then to elaborate a final text in report form: this study with that result, to confirm to be indispensable. As results, to develop the foundations of the soccer of five, showing the importance of the sport practice for anybody, besides, the deficient visual, showing that the limitation stops being obstacle and raisin the being motivation, suddenly to overcome is the condition for the good result.
Key Words: Futsal, Deficient Visual, History of the Sport.

1. INTRODUÇÃO

O futebol é a maior paixão do povo brasileiro e o esporte mais popular do planeta, expandindo-se pelo mundo todo. A modalidade, em que o Brasil conseguiu atingir o conhecimento em nível mundial é, por isso mesmo, um dos nossos maiores produtos de exportação, sendo, muitas vezes, o único conhecimento que os estrangeiros têm desta terra. Nesse sentido, não é exagero dizer que esse esporte faz a propaganda de nosso país pelos cinco continentes.
Pode-se considerar que Charles Miller tenha sido “o pai” do futebol no Brasil. No ano de 1894, retornando de seus estudos na Inglaterra, trouxe na bagagem a primeira bola de futebol a rolar nos campos brasileiros. Considerado um esporte democrático, envolve pessoas de todos os credos e raças. Não poderia, nesse sentido, excluir indivíduos “portadores de necessidades especiais visual” (PNEV).
Da Matta[1], afirma que o esporte é “uma das poucas coisas que fazem com que o brasileiro se sinta integrado universalmente, é através dele que temos totais condições de derrotar as grandes potências econômicas”.
Segundo Souza[2],“nos últimos anos, tem-se preocupado cada vez mais com os portadores de deficiências, o que também inclui o aumento pela busca e prática dos esportes. Dentre as atividades esportivas desenvolvidas por cegos, o futsal é um dos mais procuradas e difíceis”.
A prática esportiva para o PNEV permite que ele explore suas possibilidades corporais, livre-se da insegurança, do medo e da dependência causados pela ausência da visão. Os benefícios trazidos pelo esporte vão além: maior confiança e habilidade para locomover-se, noção de espaço mais aguçada, domínio de suas capacidades motoras, aprimoramento da audição, entre outros.
O futebol de cinco é uma modalidade para atletas com baixa visão ou total, conhecido também como futebol para cegos, ou futsal de cegos; é uma adaptação do futsal para PNEV. Acredita-se que a prática do futebol entre pessoas PNEV tenha começado na década de 20, nos pátios das instituições especializadas. No entanto, os praticantes enfrentavam grandes dificuldades, pois as adaptações que hoje em dia conhecemos ainda não haviam sido concebidas. O esporte demonstrou ser bastante atrativo para esses portadores, em virtude, principalmente, de o fenômeno futebol ser algo bastante enraizado na cultura de muitos países.
Em seu início, o futebol adaptado era um desafio. Sem o material especializado que se encontra hoje em dia, a maneira encontrada era o improviso, porque o importante era conseguir uma maneira de escutar a bola, marcar gols e se divertir.
Por não terem uma bola com guizos, a solução mais comum era amarrar um saco plástico; hoje em dia, a bola é oficial como a de futsal.
Esta modalidade, inicialmente, era praticada dentro dos institutos de cegos espalhados pelo Brasil, nos corredores e outros espaços disponíveis que pudessem ser utilizados para a prática do jogo; o futebol de salão passou a exercer um papel fundamental, sendo o carro-chefe em todo o desenvolvimento do desporto para os PNEV no Brasil.
Ainda de acordo com Souza[3], “o esporte é uma ferramenta de inclusão social e de busca da cidadania, mas é também um meio de o deficiente ser valorizado e reconhecido como tal”.
O futebol para cegos teve sua estréia nas Paraolimpíadas em Atenas (2004), com vitória para a equipe brasileira, recentemente jogou com a Argentina no Parapan-Americanos do Rio 2007 também com vitória, fazendo com que o esporte e seus atletas fossem reconhecidos em seus países.
A grande importância para o desenvolvimento deste trabalho é a perspectiva de criar uma forma de inclusão do PNEV na sociedade, entendendo-se que se está diante de uma sociedade cheia de preconceitos e de desigualdades, mostrando que todos devem ser respeitados independente de sua deficiência.
2. OBJETIVOS:
A grande importância da valorização do esporte adaptado traçou a necessidade de se desenvolverem alguns objetivos direcionados à deficiência. São eles, entre tantos:
● Identificar os benefícios que se têm com a prática do futsal para PNEV.
● Descrever a importância da prática de futsal para PNEV com a devida fundamentação teórica e com a orientação de um profissional de Educação Física.
3. METODOLOGIA:
Tendo em vista o alvo em questão, optou-se por um trabalho qualitativo, com tal orientação, caminha-se por um universo de significados e significantes em que se firma a importância de propostas representativas da realidade social.
Definindo o caráter qualitativo, os métodos de coleta utilizados foram a pesquisa bibliográfica de artigos, livros, análise de documentos em Internet e sites específicos nas áreas de futsal para portadores de necessidades especiais visuais e a história do esporte no Brasil, cotejando a participação de portadores e não portadores de necessidades especiais visuais.


4. RESULTADOS:
É de extrema importância, para a boa iniciação do futebol de cinco, tomar algumas precauções. O desenvolvimento do desporto deve ser iniciado com atividades de orientação e mobilidade e percepção auditiva, noções de lateralidade, noções de espaço temporal, trabalhando em diferentes ritmos e formas.
O reconhecimento das dimensões do local, onde a atividade será desenvolvida, também se faz importante. O não-desenvolvimento desse complexo senso perceptivo motor acarretará ao aluno maior possibilidade de acidentes, o que poderá causar desmotivação na pessoa para a prática do exercício. Então, inicia-se o trabalho específico, desenvolvendo e dando ênfase aos fundamentos do futebol de cinco mostrando a importância da pratica de esporte para qualquer pessoa, inclusive, o deficiente visual.
A inserção dessa prática é necessária, porque, além de desenvolver o desempenho psicomotor, age como atitude essencial a fazer aflorar a criatividade, as habilidades e até a genialidade do atleta PNEV. Ao deparar-se com o desenvolvimento, vence-o e inova, fazendo lances de extrema maestria.
A limitação deixa de ser obstáculo e passa a ser motivação, eis que superar é a condição para o bom resultado.
Destarte, a deficiência, hoje, é mais um motivo de superação, visto que o homem se investe de poder e se lança na conquista do desenvolvimento, tornando-se verdadeiramente homem, porque infinitamente capaz.
4.1 Como se joga:
O interesse por este esporte é avassalador, incluindo as pessoas com deficiência visual.
Segundo o site wikipedia[4] “O futebol para cegos, mais conhecido como FUTEBOL DE CINCO, é uma adaptação do futsal, utilizando quatro jogadores de linha cegos e um goleiro (único que enxerga entre os jogadores). Dentre os jogadores pode haver alguns com nenhum tipo de visão, e outros com alguma visão (enxergar vultos); para que não haja injustiça, todos os jogadores de linha usam gases e vendas, não podendo assim ver nada. Tudo o que os atletas de linha têm para se orientar na quadra é a audição”.
Quando a bola está em jogo, os jogadores são obrigados a avisar que vão disputar a bola para diminuir a possibilidade de trombadas entre eles.
Por causa de alguns obstáculos na prática do esporte e a preocupação com a segurança dos praticantes, optou-se pelo futebol de salão, trazendo dinamismo ao esporte, sendo sua maior inovação, o que se chama de banda lateral, pedaços de madeira situados ao redor da quadra que, além de permitir um jogo com menos interrupções, sem tantas cobranças laterais, os goleiros são obrigados a enxergar normalmente, com habilidade com as mãos limitada; além disso, um guia atrás das traves orienta os jogadores. Ele é denominado Chamador, e sua área de atuação é atrás do gol inimigo, orientando o ataque de sua equipe.
A bola usada é especialmente produzida para o esporte. A bola de guizo é assim chamada, porque sua superfície é recoberta por gomos em onde são costurados guizos de ferro. Quando a bola está em movimento, esses guizos balançam, e o som produzido orienta os atletas. Segundo o manual de orientação paraolímpico para professores[5] “A condução da bola pelo cego deve acontecer de maneira que este não perca o contato da bola com os pés, podendo ser efetuada entre os jogadores, fazendo com que ela se desloque de um pé para o outro. O passe deve ser realizado de maneira que a bola produza um bom som (bola rasteira ou bola quicada), oferecendo melhor condição de recepção. A recepção deve ser feita com as pernas ligeiramente afastadas, com os pés na seguinte posição: calcanhares quase se tocando e as pontas dos pés afastadas, formando um ângulo aproximado de 45°, a uma distância não maior que o diâmetro de uma bola de futsal, para que haja eficiência na recepção”.
O chute pode ser realizado com a bola parada ou em movimento. Este fundamento pode ser trabalhado de maneiras diferentes, utilizando a parte interna (de peito de pé ou de bico). No chute com bola parada, o aluno deve ter a perfeita noção do posicionamento da bola, bem como a percepção da localização do gol. No chute com a bola em movimento, o aluno também deverá ter o domínio e a localização da bola, mesmo na condução ou no chute realizado a um passe ou lançamento.
O drible é feito com o som da bola, quando um atleta a conduz e pára, fazendo com que o adversário se dirija àquele ponto onde a bola parou. Em seguida, o jogador, com a posse da bola, muda de direção repentinamente, deixando o seu adversário para trás. A mudança de direção e velocidade alternadas na condução dessa bola significa para um cego um bom drible.
Não é um esporte perigoso, ao contrário do que muitas pessoas imaginam. Há de se levar em conta que são oito jogadores completamente cegos, disputando a posse de uma única bola, de modo que o contato com o rival, além de inevitável, faz parte da própria dinâmica do jogo. As partidas oficiais têm dois tempos de 25 minutos, com 10 minutos de intervalo.
4.2 Histórico do esporte:
Em 1986, na Espanha - um dos países em que os direitos dos deficientes são mais respeitados - realizou-se o primeiro campeonato entre clubes. Demorou quase uma década para que se estabelecessem competições entre seleções. Atualmente, mais de 30 países aderiram ao futsal, sendo que na maioria deles há campeonatos regulares entre clubes. No Brasil, a ABDC - Associação Brasileira de Desportos para Cegos - é responsável pela organização e realização dos torneios entre clubes.
No Brasil, há mais de 50 associações inscritas na ABDC (Associação Brasileira de Desportos para cegos) e que estão aptas a prática do futebol. O CEIBC time do Rio de janeiro é considerado, uma das melhores equipes do Brasil e conta com os campeões paraolímpicos Anderson Dias e Sandro Laina, entre outros jogadores, representam o Instituto Benjamin Constant, primeira escola fundada para o ensino de cegos na América Latina, no ano de 1854. O CEIBC conseguiu a vaga por ter sido o terceiro colocado do Campeonato Brasileiro de 2003 (Niterói).
No Brasil, já existe uma seleção brasileira de futebol de cinco, que conquistou a medalha de ouro nos Jogos Paraolímpicos de Atenas em 2004, ganhando também nas Olimpíadas, quando venceu a Argentina nos pênaltis. Foi a primeira vez que uma paraolimpíada (que acontece de quatro em quatro anos desde 1960) teve transmissão ao vivo.
Foi também campeão mundial em 1997, em Paulínea, SP e em 2000, em Jerez de La Fronteira, Espanha. Em 2002, em Niterói (RJ), “deu” Argentina, assim como em 2006, em Buenos Aires.
4.3 O cego e a sociedade:
Segundo Castellani[6] “Apesar de estarmos em pleno século XXI, quando o assunto é deficiência, verificam-se na sociedade alguns conceitos bastante antiquados”. Apesar de essa realidade estar mudando aos poucos, os deficientes, e em particular os cegos, ainda enfrentam muitas dificuldades no seu dia-a-dia, desde a locomoção - que nas grandes cidades é praticamente impossível - até conseguir emprego e mesmo estudar nas escolas que não são especializadas. Para que o cego possa ter uma posição de destaque, é necessário um trabalho muito grande, que começa da família, passa pelas instituições especializadas que o educam no primeiro grau e que têm a missão de preparar o deficiente visual para enfrentar a vida. Mas, sem dúvida alguma, o papel mais importante é o do próprio deficiente. Ele, desde cedo, precisa entender de que o fato de ele não enxergar torna as coisas mais difíceis, mas que, se ele aceitar sua deficiência (o que muitas vezes não acontece), se esforçar, ele tem plenas condições de superá-las.
A família é a base da formação de todos nós. Para o deficiente, no entanto, seu papel é ainda mais importante. A forma como seus familiares mais próximos enxergam sua deficiência será de fundamental importância no desenvolvimento motor, físico e social da pessoa portadora de deficiência visual. Por isso considera-se a família o suporte do desenvolvimento de uma pessoa digna à sociedade e à vida.
5. DISCUSSÃO:
O reconhecimento de que o deficiente é deveras capaz de mexer com o imaginário tradicional que considera este ser um coitado. A sociedade deve estar-se adaptando aos novos tempos. Se, no passado, o portador de necessidades era relegado ao ostracismo social, profissional, etc, hodiernamente está em pleno gozo de suas potencialidade, ainda que limitadas fisicamente. Os eventos mais recentes mostram que não há condição de incapacidade. Os jogos Para-panamericano tiveram as vendas de tantos que não acompanharam a evolução de homens e mulheres cuja visão é parcial ou total, mas que enxergavam muito além do simples ver.
6. CONCLUSÃO:
A vida impõe muitas provas; entretanto, a maior delas é manter-se motivado para poder superá-las. Para deficiente visual, sem dúvida, a superação é uma oportunidade de desenvolver aptidões que possibilitem uma melhor orientação e mobilidade, que o conduz à independência em certas tarefas impostas no dia- a- dia, melhorando, assim sua qualidade de vida.
O futsal para cegos requer de cada praticante muito esforço, educação, perseverança. Sua execução exige o deslocamento para todas as direções, com velocidades variadas, com atenção voltada para bola. Muitas vezes, quando nos referimos ao futsal para esses PNEV, surgem alguns, “descrentes” quanto às suas capacidades gracejam e chegam até a declarar que imaginam um grande “jogo de bobos”, em que os alunos ficam fixos em suas posições durante o jogo. Sabidamente, não é assim, o que provam os operadores da Educação Física, além de ensinar o futsal para indivíduos deficientes, o professor precisa transmitir informações, para que esses “descrentes”, sejam inseridos na nova percepção do tratamento aos especiais e possam também contribuir para a superação das discriminações que nossos alunos têm enfrentado.
7: AGRADECIMENTO:
Agradeço primeiramente a Deus, a minha Tia Shirley, a o professor orientador Luciano Dornelles pelas orientações e a minha família.


8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

[1]. Da MATTA , Roberto; Universo do Futebol -Esporte e Soc. Brasileira? R J Pinakotheke , 1982.
[2]. Artigo de Futsal: SOUZA, Ramon Pereira , FUTSAL PARA CEGOS : uma proposta para iniciação, BENJAMIN CONSTANT, Rio de Janeiro: agosto 2002.
[3]. Artigo de Futsal: SOUZA, Ramon Pereira , FUTSAL PARA CEGOS : uma proposta para iniciação . BENJAMIN CONSTANT, Rio de Janeiro: agosto 2002.
[4]. Historia do futsal, disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol-de-Cinco, acessado em 15/08/2007.
[5]. Manual de orientação para professores de Educação Física, Autores: Dolvair Paschoal Castelli e Mário Sérgio Fontes Brasília – DF 2006.
[6]. CASTELLANI , Lino Filho , O Fenômeno Cultural Chamado Futebol - Uma proposta de estudo. Ed. Artus, 1985 (Revista de educação física).
[7]. Futebol na rede, disponível em https://www.futebolnarede.com/espec/hist.php, acessado em 15/08/2007.

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Fonte: https://www.webartigos.com/articles/45960/1/FUTSAL-PARA-PORTADORES-DE-NECESSIDADES-ESPECIAIS-VISUAIS-/pagina1.html#ixzz1QCAS58pu
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