Capacitação Motora - Parte 2

27-09-2010 11:32

Capacitação Motora - Parte 2

 

Objectivos: Desenvolver a Força Resistente

Descrição: Treino em circuito por estações

2 atletas em cada estação

1-  Abdominais
2- Dorsais
3- Saltos a pés juntos por cima de uma bola
4- Subir e descer a cabeça de um plinto
5- Saltos com corda
6- Sprint 5m ida e volta
7- Saltos do centro de um quadrado para todos os seus lados (2 séries com 30’’ de exercício e 30’’ de recuperação)

3.4-Velocidade

A Velocidade pode ser dividida em:

- velocidade de reacção
- velocidade de deslocamento
- velocidade de execução

velocidade de reacção- é a capacidade de responder o mais rapidamente possível a um estímulo ou sinal.

velocidade de deslocamento- é definida pelo produto da amplitude e frequência do movimento exigindo contrações ótimas.

velocidade de execução- é caracterizada pela máxima rapidez de contracção da musculatura que participa na acção motora.

3.4.1.- Treino da velocidade com crianças e jovens:

As crianças desde idades apresentam boas condições para o treino da velocidade e algumas das suas componentes atingem muito cedo o valor que terão em adulto. Assim, a velocidade de reacção atinge aos 13 anos praticamente o valor que atinge em adulto e a frequência do movimento também melhora muito poucos depois dessa idade. Isto leva-nos a concluir que a capacidade motora velocidade pode e deve ser treinada desde idades muito baixas.

Quadro 3- Relação capacidade/escalão etário

Escalão (anos)

Capacidade

Intensidade

Volume

6/10 - 10/13

Aeróbia

Baixa

Alto

13/15 15/17

Anaeróbia

Alta

Médio

3.4.2.- Alguns princípios metodológicos a respeitar:

6/10  -  10/13

- Como a capacidade de concentração, nestas idades é muito baixa, é aconselhável o treino de velocidade de reacção estimulando assim essa capacidade

13/15  -  15/17

- Nestas idades deve-se treinar todas as componentes da velocidade pois a musculatura das crianças ou jovens está mais desenvolvida

- Utilizar exercícios em formas jogadas

3.4.3.- Exercícios Práticos

Estes exercícios estão intimamente ligados com os de resistência anaeróbia.

Objectivos: Desenvolver a Velocidade de deslocamento

- Os atletas realizam os exercícios propostos dentro do espaço delimitado pelos cones:

- skipping frente/atrás/frente
- skipping atrás/frente/atrás
- skipping só uma perna dt/esq/dt
-skipping só uma perna esq/dt/esq
- sprint 5m
- sprint com mudança de direcção no cone
- sprint realizando uma volta ao cone com os pés e mudando de direcção
- sprint com dois passos atrás em todos os cones
- sprint com meia volta
- sprint/costas/sprint

3.5-Flexibilidade

Flexibilidade é capacidade de realizar movimentos de grande amplitude angular em torno de uma articulação, por intermédio de uma contracção muscular voluntária ou por acção de forças externas.

3.5.1.- Factores limitadores

- Estrutura articular
- Capacidade de estiramento
- Temperatura
- Tónus muscular
- Idade
- Sexo
- Composição corporal
- Fadiga

3.5.2.- Treino da Flexibilidade: Orientações

- Usar exercícios variados
- Mobilizar as principais articulações em diferentes planos e direcções
- As amplitudes máximas devem ser alcançadas progressivamente, de forma lenta e controlada
- Em crianças privilegiar a flexibilidade activa
- Realizar o treino após aquecimento
- Realizar exercícios de relaxação entre as rps
- Treino contínuo e diário da flexibilidade
- O treino da flexibilidade não necessita de grande volume
- Realizar o treino de flexibilidade sem níveis de fadiga acentuados
- O treino da flexibilidade geral deve preceder o da flexibilidade específica
- O treino da flexibilidade activa estática deve preceder o da flexibilidade activa dinâmica
- A flexibilidade passiva precede a activa.

3.5.3.-  Treino da flexibilidade com crianças e jovens

Com base nas modificações do desenvolvimento nos diferentes escalões etários no âmbito do aparelho motor activo e passivo, é diferente a forma como a flexibilidade se manifesta nas crianças e nos jovens.

Assim, no escalão etário dos 6 aos 10 anos as crianças apresentam uma boa capacidade de flexão nas articulações coxo-femural e escápulo-umeral, mas há uma tendência para a redução na capacidade de abdução das pernas e na execução à retaguarda dos braços.

Como consequência deverão ser executados exercícios que melhorem estas capacidades. Nas modalidades desportivas que exigem uma elevada capacidade de flexibilidade como por exemplo a ginástica desportiva, rítmica desportiva, etc., podemos iniciar o treino da flexibilidade específica embora o predomínio deva incidir ainda no treino da flexibilidade geral.

No escalão etário dos 10 aos 13 anos é possível continuar a melhorar a flexibilidade desde que treinada com assiduidade e continuidade. Neste escalão etário poder-se-á incrementar o treino da flexibilidade específica.

No escalão etário dos 13 aos 15 anos que corresponde ao período pubertário, verifica-se, por vezes, um crescimento anual muito acentuado o que poderá conduzir a uma redução da capacidade de flexibilidade. O treino da flexibilidade neste escalão etário exige um certo cuidado já que, como consequência do acentuado crescimento, diminui a cargabilidade do aparelho motor passivo, particularmente ao nível da coluna vertebral e das articulações coxo-femural.

Com a entrada na adolescência consolida-se o desenvolvimento do aparelho motor pelo que o treino poderá ser semelhante ao do adulto.

Pelo atrás exposto em relação ao treino com crianças e jovens, podemos concluir que para o planeamento e execução do treino da flexibilidade o treinador deve Ter em conta as particularidades inerentes a cada escalão etário.

Gráfico 1 – Relação entre o desenvolvimento das Cap. Condicionais com a Idade (Períodos Sensíveis).

3.6.- Capacidades coordenativas

Uma boa disponibilidade para o movimento e um bom desenvolvimento ao nível das capacidades coordenativas são aspectos significativos e determinantes no quadro da formação corporal dos atletas (Holz, 1977; Hirtz, 1981). Consequentemente, o desenvolvimento das funções e estruturas orgânicas e psico-físicas dos jovens praticantes reveste uma importância pedagógica e social, como garante de faculdades motoras adequadas para o rendimento e profissional, assim como eficaz desempenho nas actividades de lazer e de vida diária.

3.6.1.- O Conceito de Capacidades Coordenativas

As capacidades coordenativas são uma classe das capacidades motoras e, conjuntamente com as capacidades condicionais e as habilidades motoras, elementos da capacidade de rendimento corporal (Hirtz, 1986).

3.6.2.- Componentes das Capacidades Coordenativas

As Capacidades coordenativas Básicas (Schnabel, 1974):

- Capacidade de Controlo Motor - baseia-se nas componentes de coordenação da capacidade de diferenciação cinestésica, da capacidade de orientação espacial e da capacidade de equilíbrio.

- Capacidade de Aprendizagem Motora - depende da capacidade de aprendizagem motora ainda mais da capacidade de controlo motor.

- Capacidade de Adaptação e readaptação Motoras - repousa nos mecanismos da apreensão, do tratamento a da retenção da informação.

A Classificação geralmente considerada é a de Hirtz (1986) que subordina ás três capacidades básicas cinco capacidades fundamentais de coordenação:

a) Capacidade de orientação espacial - faculdade de se aperceber das modificações espaciais á medida que elas intervêm na execução dos movimentos.

b) Capacidade de Diferenciação Cinestésica - faculdade de controlar as informações provenientes da musculatura, de apenas reter as mais importantes e de dosear, em consequência, a força a empregar.

c) Capacidade de reacção - faculdade de analisar rapidamente a situação e de lhe aplicar a resposta motora mais adequada.

d) Capacidade de Ritmo - faculdade de imprimir uma certa cadência á realização de um movimento ou de “apanhar” essa cadência se ela é dada.

e) Capacidade de Equilíbrio- faculdade de manter uma posição, mesmo em condições difíceis, ou de recuperar rapidamente se ela é perturbada.

Mas o que será então Coordenação?

A coordenação do movimento, de acordo com a idade, é a interacção harmoniosa e, na medida do possível, económica, dos músculos, nervos e órgãos dos sentidos, com o fim de produzir acções cinéticas precisas e equilibradas e reacções rápidas e adaptadas á situação. (Kiphard, 1976).

3.6.3.- O Desenvolvimento das Capacidades Coordenativas na Criança

Contrariamente ás capacidades condicionais, as capacidades coordenativas caracterizam-se por uma fase de desenvolvimento dinâmico nos primeiros anos, a que se segue um desenvolvimento lento ou mesmo um período de estagnação.

Esta estagnação deve-se fundamentalmente a dois factores:

- termo de desenvolvimento do sistema nervoso central
- maturação sexual (reorganização coordenativa)

O desenvolvimento destas capacidades não decorre de forma unitária mas sim diferenciada de capacidade para capacidade, por esta ordem:

- cap. diferenciação cinestésica
- cap. reacção
- cap. ritmo
- cap. equilíbrio
- cap. de orientação espacial

Gráfico 2 – Relação entre o desenvolvimento das Cap. Coordenativas com a Idade

3.7.- Modelo de Condução do Processo de Treino

1. Diagnóstico

- Testes(terreno e laboratoriais)

2. Objetivos

- de acordo com a realidade do clube

3. Conteúdos

- tácticos
- técnicos
- físicos
- psicológicos

4. Planeamento

- anual
- mensal (mesociclo)
- semanal (microciclo)
- diário (unidade de treino)

5. Unidades de treino

- parte inicial/fundamental/final

6. Controlo e Avaliação periódica

- testes
- estatísticas
-  semanal/mensal/após jogo

4- CONCLUSÕES

A formação corporal de base contribui, como elemento da formação geral, para o desenvolvimento global e harmónico da personalidade. Para haver uma ampla preparação das jovens gerações para a vida através do desporto, no caso concreto Futsal, torna-se necessário melhorar o estado funcional dos órgãos e sistemas orgânicos bem como desenvolver a motricidade.

A nossa época exige dos atletas uma cada vez maior disponibilidade coordenativa e motora. Do que atrás dissemos se conclui que para um aperfeiçoamento psico-físico e integral dos nossos atletas há que dispensar uma maior atenção, nos nossos treinos, aos exercícios que pressupõem a utilização de toadas as capacidades (condicionais e coordenativas) a que este trabalho se refere.

Através do seu desenvolvimento garante-se não só um significativo incremento das capacidades motoras e desportivas, mas também o aperfeiçoamento das funções psico-físicas e das estruturas que garantem o desenvolvimento da motricidade do ser humano, habilitando-o a uma melhor aprendizagem e um maior rendimento. Isto permitirá aos atletas executar de forma correcta e adequada as acções motoras do jogo desportivo colectivo Futsal.

5- BIBLIOGRAFIA

CARVALHO, A.(1985) : Organização e condução do processo de treino. In Revista Horizonte, vol.II, nº1 pp. 14-18
CARVALHO, A.(1988) : Capacidades Motoras. In Revista Treino Desportivo, II série , nº7
DUFOUR, W. (1983) : Processos de objectivação do comportamento motor. A observação em futebol. Futebol em Revista. 4ª série, 1: 39-46.
DUFOUR, W. (1983) : Processos de objectivação do comportamento motor. A observação em futebol. Futebol em Revista. 4ª série, 2: 37-50.
GARGANTA, J. (1994): Para uma teoria dos jogos desportivos colectivos. In O ensino dos jogos desportivos colectivos: 11- 25. A. Graça & J. Oliveira (Eds.) Centro de Estudos dos Jogos Desportivos. FCDEF-UP.
GUARINO, M. (1996) : Manual técnico desportivo. São Paulo: Icone Edit. Lta 138p.
GROSSER, Manfred; STARISCHKA, Stefan; (1988); “Test de la Condición Física”; Ediciones Martinez Roca, S.A.
QUEIROZ, C. (1986): Estrutura e organização dos exercícios de treino em futebol. Lisboa: F.P.F.
SAMPAIO, Jaime; (1998); “Controlo do Treino”; Documento de circulação interna; U.T.A.D.
SOUSA, P.(1997): Desenvolvimento da capacidade táctica no Futsal. In Greco et al temas actuais II: Educação Física e Esportes Belo Horizonte: Ed. Healthy.

Autor: Prof. André Teixeira

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