ADAPTAÇÃO E INICIAÇÃO TÁTICA AO FUTSAL

04-08-2010 18:51

Como em qualquer início de uma atividade nova, é necessário um período de adaptação. Geralmente, a primeira semana de iniciação é um período destinado à ambientação ao futsal (bola, quadra, professor, colegas, regras).

Para a criança, é um momento muito difícil, onde ela deverá sentir um clima de afeto e segurança para que se estabeleça um bom nível de relacionamento com o professor e colegas. Neste período, deve-se evitar um grau elevado de exigências.

As aulas e os treinos poderão ter tempos reduzidos se for necessário. Neste caso, as atividades mais indicadas serão aquelas que possibilitam a interação do grupo, através de atividades recreativas, de familiarização com a bola e quadra para que, mais tarde, o aluno possa se adaptar ao jogo.

Fases importantes nesta Adaptação: Eu e a Bola; Eu, a Bola, o Colega e o Espaço de Jogo; Eu, a bola, o Colega, o Adversário e o Espaço de Jogo.

Tem-se observado um despreparo muito grande nos professores (treinadores) que desenvolvem o trabalho de iniciação nas escolinhas desportivas e em equipes de menores. Talvez a ansiedade de repetir os trabalhos realizados pelas equipes adultas, a falta de entendimento e percepção de que a criança tem características, interesses e necessidades diferentes ao dos adultos, e a pouca referência bibliográfica sobre o trabalho tático para crianças, sejam os principais motivos deste trabalho mal orientado.
Não podemos, nesta fase inicial, obscurecer e impedir a criatividade e a espontaneidade. Sabe-se que a idade cronológica e biológica, em geral não coincide exatamente. Temos que, através de metodologias apropriadas para à criança, proporcionar o maior número possível de vivências motoras, que incluem, não só os fundamentos técnicos, mas também a liberdade de ocupações de todos setores da quadra bem como o entendimento real da concepção do jogo.

É indicado inclusive, que seja proporcionado ao jovem iniciante a oportunidade de vivenciar todas as posições do jogo. Observa-se também que muitas vezes, no trabalho técnico, é colocado um garoto de frente para outro, exigindo que realizem uma série de tipos de passes. Através de movimentos repetitivos e automatizados, os mesmos conseguem com certa facilidade executá-los, contudo, no momento do jogo, começam a aparecer as dificuldades.

Baseado no exposto acima; coloco algumas reflexões. Será que a tarefa proposta naquela atividade, de um de frente para o outro (na maioria das vezes parados), correspondem a uma situação real de jogo? Na maioria das vezes, a dificuldade do menino reside na seleção da técnica mais apropriada para aquele tipo de situação.

Como outro exemplo, podemos citar a condução de bola.
Verifica-se que durante o jogo, quem conduz a bola se utiliza a todo o momento de uma variedade de tipos de condução (solado, parte interna, externa etc.), são executados em velocidades diferentes, em sentidos diferentes, com proteção da mesma dependendo do lado que vem o marcador, necessita cabeça erguida, referencial de espaço da quadra e acima de tudo já prever qual a próxima técnica que deverá ser executada (chutar à gol, passar, driblar, etc.

Nenhuma técnica acontece de forma isolada durante o jogo. É extremamente importante que se proporcione ao iniciante à aquisição da leitura do jogo (compreensão da mecânica do jogo). A conseqüência didática das considerações acima citadas nos remete para a criação de situações de aprendizagem, nas quais as crianças tenham uma interação motora em relação ao sentido do jogo de futsal, aprendendo, ao mesmo tempo, as destrezas motoras e o sentido do jogo.

No jogo de futsal propriamente dito os jogadores são envolvidos na situação de ataque, que corresponde a armação do ataque, armar a oportunidade de um chute a gol e o chute a gol e também a situações de defesa que envolve desarmar o ataque, cobrir a área de gol e por fim a defesa do gol. O “jogo” é o veículo que possuímos para programar os conhecimentos táticos da criança.

Autor: Rogério da Cunha Voser é licenciado em Educação Física pela ESEF/ UFPEL (1987) e Fisioterapeuta, formado na ULBRA (1999). LBRA.
Dentre suas várias publicações, destacam-se os livros Iniciação ao Futsal: abordagem recreativa e Análise das Intervenções Pedagógicas em Programas de Iniciação ao Futsal

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