A importância da psicologia do esporte para o rendimento do atleta de futsal
20-09-2010 08:42IX, quando alguns estudiosos resolveram pesquisar os efeitos dos aspectos psicofisiológicosdeparamo-nos com o limitadotrata-se de identificar as mais importantesenvolvem técnicas de
A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA DO ESPORTE PARA O RENDIMENTO DO
ATLETA DE FUTSAL
AUTOR: ARAMIS SOARES GOULART
ORIENTADOR: Dr. ROGÉRIO DA CUNHA VOSER
RESUMO
Este estudo de cunho bibliográfico, teve por objetivo estudar as variáveis psicológicas que
interferem no desempenho do atleta de alto rendimento, e da possível contribuição da
preparação psicológica na otimização do rendimento do atleta de futsal. Foram apresentadas
características e relevâncias a respeito da preparação psicológica e discussões acerca das
seguintes variáveis psicológicas: concentração, motivação, coesão de grupo, ansiedade,
personalidade e liderança.
Concluiu-se que é de vital importância a administração dos níveis das emoções, através da
preparação psicológica, para que estas não atrapalhem o desempenho esportivo e que treinar
um atleta ou uma equipe de futsal de auto-rendimento física, técnica e taticamente sem levar
em consideração os aspectos psicológicos, que os influenciam, não garantem ao treinador
conseguir o máximo desse atleta, podendo ser esse o diferencial entre a vitória e a derrota ou
entre a primeira e a segunda colocação em uma competição.
Palavras Chave: Psicologia do Esporte, Futsal, Variáveis psicológicas.
INTRODUÇÃO
Esporte e psicologia começaram a ter uma relação mais estreita no final do século
sobre as atividades físicas e esportivas. A partir de então foi acontecendo uma rápida evolução
com o surgimento de novos pesquisadores, instituições e laboratórios que deram à Psicologia
do Esporte o suporte necessário para a sua inclusão definitiva no cenário esportivo
competitivo (RUBIO, 2000).
O esporte é uma atividade pela qual se vivenciam as emoções com intensidade e nesse
âmbito os processos emocionais podem prejudicar ou ajudar a ação esportiva, implicando não
só na preparação física e psicológica dos atletas, mas também em suas relações humanas,
sendo de suma importância a administração dos níveis das emoções, para que estas não
atrapalhem o desempenho esportivo do atleta.
A Psicologia do Esporte tem como objetivo auxiliar técnicos e atletas a entender e
solucionar, da melhor maneira possível, as suas dificuldades psicológicas e sociais, sendo que
uma tarefa específica do psicólogo do esporte é ajudar emocionalmente os atletas nas fases de
insegurança, a fim de que eles possam encontrar rapidamente a sua segurança e
autoconfiança, de tal forma que possam realizar suas possibilidades máximas de rendimento
na competição.
Esta pesquisa de cunho bibliográfico tem como principal objetivo estudar as variáveis
psicológicas que interferem no desempenho do atleta de alto rendimento, e da possível
contribuição da preparação psicológica na otimização do rendimento do atleta de futsal.
REVISÃO DE LITERATURA
PREPARAÇÃO PSICOLÓGICA
Bouet (1988) coloca que uma preparação psicológica bem programada e bem
administrada nas atividades conseguirá trabalhar o nível motivacional, a aquisição de maior
confiança, o equilíbrio emocional, fazendo com que o indivíduo transponha as barreiras do
desempenho como adversários, preparação física, integração com o grupo e personalidade.
A preparação psicológica segundo Judadov (1974) é definida como o nível de
desenvolvimento do conjunto de qualidades e propriedades psíquicas do esportista das quais
depende a realização perfeita e confiável da atividade esportiva nas condições extremas dos
treinamentos e das competições.
Ela é uma parte integrante da preparação geral do atleta. Por muito tempo deu-se
ênfase a outros tipos de preparação, como a técnica, a tática e a física, mas, em situações
competitivas nas quais se deve obter o máximo do potencial atlético, as preparações
psicológica e nutricional são indispensáveis e devem ser incluídas.
A preparação psicológica é um processo objetivo que se promove em determinado
grau na prática esportiva. Ela não deve ser feita de modo acidental ou fortuito e sim por meio
de intervenções sistemáticas, realizadas dentro de uma programação que acompanhe e
considere a sucessão de acontecimentos esportivos.
Nitsch (1985:150), “o objetivo e a meta do treinamento psicológico é a modificação
dos processos e estados psíquicos (percepção, pensamento, motivação), ou seja, as bases
psíquicas da regulação do movimento. Essa ajuda será alcançada com a ajuda de
procedimentos psicológicos”.
Seus objetivos, quando ligados à obtenção do mais alto nível de preparação
psicológica para a atividade, segundo Antonelli e Salvini (1978), podem ser realizados direta
ou indiretamente através de métodos sugestivos e condicionantes (treinamento autógeno,
técnicas comportamentais, etc.), capazes de lograr uma maior eficiência psicomotriz e um
melhor controle do sistema inibitório (ansiedade, medo, etc.); ou bem, métodos racionais de
orientação psicodinâmica (“counseling”, psicoterapia em grupo, etc.) com fins formativos ou
terapêuticos.
A importância da preparação psicológica está em acelerar processos naturais de
desenvolvimento das qualidades psíquicas e propriedades da personalidade mais relevantes ao
esportista. Ela contribui para desenvolver a tendência à auto-educação da vontade e do autoaperfeiçoamento
ativo do esportista (JUDADOV, 1974).
A preparação psicológica para o esportista, de acordo com Judadov (1974) consiste
em: Contribuir para o aperfeiçoamento de processos psíquicos: percepções especializadas,
representações, atenção, memória, pensamentos etc.;
Formar qualidades psíquicas da personalidade do esportista que exerçam influência
sobre a manifestação estável dos processos psíquicos mencionados, sobre a conservação e a
elevação do nível da capacidade de trabalho e da efetividade das ações motoras nas condições
difíceis do treinamento e das competições;
Criar os estados psíquicos ótimos durante o processo do treinamento e das
competições;
Desenvolver a habilidade de controlar os estados psíquicos nas condições extremas da
atividade;
Contribuir para o desenvolvimento de conhecimentos acerca das competições que se
irão realizar; criar uma “atmosfera psicológica” positiva.
Elliot e Mester (1998) apontaram três importantes grupos de aspectos psicológicos,
que se interagem para produzir o máximo na “performance” de um atleta:
O perfil psicológico/personalidade do indivíduo:
conhecimento do papel da personalidade e da falta de conhecimento sobre a identificação da
personalidade do atleta superior (VEALEY, 1992), porém características pessoais podem ser
consideradas como, por exemplo, traço de autoconfiança e traço de ansiedade.
Estratégias para o máximo na atuação:
habilidades psicológicas da “performance” máxima a serem ensinadas aos atletas. Entretanto,
o seu uso não irá assegurar o sucesso da preparação psicológica, senão aumentar a
probabilidade de êxito.
Estratégias psicológicas para adaptar-se as adversidades:
gerenciamento do stresse e de mecanismos de suporte social.
Programas de preparação psicológica podem abordar diferentes tópicos, como
motivação, ansiedade, coesão do grupo, estabelecimento de objetivos gerais e específicos de
“performance”, concentração e atenção, auto-regulação psicológica, etc.
Para poder desenvolver o seu trabalho psicológico, o especialista em psicologia do
esporte deverá antes compreender quais são as vias de obtenção de informação e de influência
psicológica pertinentes à situação a ser trabalhada. Portanto, o psicólogo do esporte, em uma
perspectiva mais ampla, toma parte do processo de preparação geral do atleta criando
programas de treinamento psicológico e adotando medidas de intervenção psicológica como o
aconselhamento psicológico (“counseling”) e o acompanhamento psicológico (“coaching”) e,
adicionalmente a isto, aplicam conhecimentos da psicologia em outras áreas interligadas e
afins ao trabalho de preparação geral do atleta como, por exemplo, na aprendizagem de
habilidades táticas.
O aconselhamento psicológico (counselling) tem como meta ajudar os técnicos e
desportistas a entender e solucionar, da melhor maneira possível, os seus problemas
psicológicos e sociais. Uma tarefa específica do psicólogo é ajudar emocionalmente as
pessoas nas fases de insegurança, a fim de que elas possam encontrar rapidamente a sua
segurança e autoconfiança (SAMULSKI, 2001).
Segundo Gabler (1979), a meta principal do acompanhamento psicológico (coaching)
é “influenciar atletas como indivíduos e equipes, como grupos sociais de tal forma que
possam realizar suas possibilidades máximas de rendimento na competição. Nesse contexto,
as metas específicas do rendimento esportivo devem orientar e direcionar a regulação psíquica
na competição”.
A preparação psicológica, em condições próximas às ideais, deve acompanhar o ciclo
de treinamento anual do atleta. Sua estruturação evidencia algumas fases distintas: preparação
psicológica geral, pré-competitiva, especial e de trânsito (que na preparação física
corresponde ao período de transição). Todas essas fases preparatórias deverão ter uma
descrição detalhada e, conseqüentemente, composta por vários itens enumerados sobre os
objetivos específicos, conteúdos psicológicos, tarefas do especialista em Psicologia do
Esporte, meios e procedimentos, e métodos de treinamento.
O psicólogo do esporte tem muitas tarefas a cumprir, que basicamente comportam o
tratamento, o assessoramento e as questões educacionais e preventivas da comunidade
esportista. Principalmente, no que tange ao atleta, este deve ser preparado psicologicamente
nos seus diversos níveis de operação psicológica, que compreendem o nível personológico,
social e psicofisiológico.
Após a conclusão de uma determinada etapa ou conclusão final do programa de
preparação psicológica, este deve ser avaliado procurando-se evidenciar os conteúdos e os
efeitos da intervenção psicológica. Dessa forma, é possível constatar, por exemplo, situações
problemáticas que possam estar afetando ou impedindo a eficiência do programa e procurar
solucioná-las com a maior brevidade possível.
A resistência de alguns técnicos ao trabalho de preparação psicológica pode estar
ligada às experiências de fracasso no emprego de algumas técnicas psicológicas realizadas por
eles próprios ou por profissionais mal preparados, e ainda por uma falta de investimento
pessoal ou de tempo maior na execução destas. Outros técnicos resistem ao trabalho de
preparação psicológica simplesmente porque não sabem como implementá-lo. Existem ainda
aqueles treinadores que, presos a uma imagem da sociedade, que os vê como super seres
humanos que devem dar conta de todos os problemas do time e dos atletas, acabam não
permitindo a entrada de outros profissionais em colaboração aos seus trabalhos.
VARIÁVEIS PSICOLÓGICAS QUE INTERFEREM NO RENDIMENTO DO ATLETA DE
FUTSAL
CONCENTRAÇÃO
A concentração pode ser definida como a focalização da atenção em um determinado
objeto ou em uma ação (SAMULSKI, 2002), ou seja, a capacidade de dirigir com consciência
a atenção a um ponto específico no campo da percepção.
Para Rubio (2000), o treinamento da concentração constitui a melhoria da capacidade
de focalizar a atenção em um ponto específico do campo da percepção e a capacidade de
manter um bom nível de concentração durante um longo período de tempo (resistência de
concentração).
No âmbito esportivo, ela pode ser considerada como a habilidade de focalizar em
estímulos relevantes do ambiente e de manter esse foco ao longo do evento esportivo
(WEINBERG & GOULD, 2001). Os atletas que descrevem seus melhores desempenhos
inevitavelmente mencionam que estão completamente absorvidos no presente, focalizados na
tarefa e realmente conscientes de seus próprios corpos e do ambiente externo.
As pesquisas indicam que os craques (atletas com alta capacidade) são capazes de
analisar situações mais rapidamente e usar mais sinais antecipatórios do que a média dos
outros atletas (ABERNATHY, 1993). Ser capaz de analisar uma situação para saber o que
fazer – e possivelmente o que seu adversário está para fazer – é a chave da habilidade de
atenção.
Segundo Samulski (1998), a concentração de um atleta pode ser aprimorada por meio
de técnicas de concentração, visualização ou exercícios de relaxamento. Essas técnicas podem
ser utilizadas periodicamente, durante o período de treinamento e antes de uma competição.
Syer e Connolly (1984) propõem algumas diretrizes para o desenvolvimento da
concentração, como conhecer os fatores de distração, manter-se rigorosamente na rotina de
aquecimento, preparar pensamentos padronizados que possam ser utilizados quando ocorrer
alguma distração durante a competição, respirar profundamente e relaxar.
MOTIVAÇÃO
A idéia de motivação remete-nos “a uma força interna”, que impulsiona determinadas
ações. Na verdade, essa “força” não está dentro do atleta, mas no ambiente no qual está
inserido. O estudo da motivação é definido por Catania (1984) como estudo das condições
que determinam à efetividade do estímulo contingente como reforçador ou punidor. Ele
considera a motivação um termo aplicado às muitas variáveis ambientais e orgânicas que
tornam determinados estímulos significativos para o organismo.
O termo motivação refere-se a fatores e processos que levam as pessoas à ação ou à
inércia em determinadas situações. As razões que impulsionam os atletas em direção a
determinados comportamentos não podem ser reduzidas a conceitos rígidos, pois variam de
acordo com a história de vida do atleta e as contingências do ambiente, ou seja, um atleta
escolhe determinado esporte e participa dele com determinada intensidade e dedicação de
acordo com experiências anteriores ou situações recentes (CRATTY, 1984),
Para Samulski (1995), “a motivação é um processo ativo, intencional e dirigido a uma
meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais
(extrínsecos)”.
A literatura da motivação discute conceitos importantes, como motivação intrínseca e
recompensas externas.
Weinberg e Gould (1984) definem motivação intrínseca pela participação de um atleta
em determinada atividade sem recompensa externa. A motivação extrínseca refere-se às
recompensas externas, como medalhas, dinheiro ou prêmios, que o atleta recebe.
Pesquisadores da área defendem que um atleta se engaja em determinada atividade motivado
por um somatório de fatores intrínsecos e recompensas externas.
Tutko e Richards (1994) reiteram que, provavelmente, o papel mais importante que
um treinador desempenha é o de motivador. Sua personalidade, convicção, fins e técnicas de
motivação é um dos principais elementos para o desenvolvimento das atitudes de seus
jogadores e para o grau de sucesso que estes alcançarão. Portanto, necessita analisar sua
própria teoria de motivação e examinar seus enfoques dessas qualidades que pensa serem
importantes para obter o resultado.
Becker jr. (1996), defini a motivação como um fator muito importante na busca de
qualquer objetivo, pelo ser humano. Os treinadores reconhecem este fato como sendo
principal, tanto nos treinamentos como nas competições. Assim sendo, a motivação é um
elemento básico para o atleta seguir as orientações do treinador e praticar diariamente as
sessões de treinamento.
De acordo com Bergamini (1991), a função motivacional do líder consiste em
recompensar os subordinados pelo alcance dos objetivos traçados, esclarecer as dúvidas,
eliminar os problemas e aumentar as possibilidades de que estes estejam satisfeitos com o
trabalho que desempenham.
Neste sentido, Chellanduri e Arnott (1985) relacionam a motivação do esportista com a
liderança do treinador. A conduta do treinador é dar apoio social, treinamento, instrução e
feedback positivo. A motivação do esportista é um ciclo que começa com a motivação, que
gera esforço, que produz rendimento, que proporciona uma recompensa, que gera satisfação e
conseqüentemente, motivação, fechando o ciclo.
Para Harter (1978), a falta de motivação conduzirá ao aumento da tensão emocional,
problemas disciplinares, aborrecimento, fadiga e rendimento ineficiente. Portanto, quando há
motivação, a realização dos objetivos se torna mais amena e também mais interessante. As
pessoas altamente motivadas para a realização são persistentes no seu comportamento,
buscando assim sucesso na sua atividade (BERGAMINI, 1991).
Samulski (1986, P. 14), “Sobre técnicas de automotivação compreende-se todas
aquelas medidas que uma pessoa aplica assumindo o controle sobre seu próprio
comportamento, para regular seu nível de motivação”.
Em outra referência Samulski (1998) descreve algumas técnicas de automotivação que
podem ser utilizadas por atletas de alto rendimento. Muitos atletas motivam-se por meio da
imaginação de suas capacidades positivas, utilizando mentalizações como: “eu consigo fazer
isto”, “eu acredito na minha preparação”, “eu confio na minha técnica”. Alguns atletas
também se utilizam de auto-reforços materiais (comprar um presente para si próprio) ou autoelogios.
Outra estratégia para manter-se motivado é o estabelecimento de metas concretas a
curto e longo prazo.
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