ESPORTE COLETIVO/JOGO DESPORTIVO COLETIVO

18-06-2010 10:42

O futsal é uma modalidade classificada de Esporte Coletivo ou Jogo Desportivo Coletivo por possuir as seis invariantes atribuídas a esta categoria e enunciadas por Bayer (1994): uma bola ou implemento similar, um espaço de jogo, adversários, parceiros, um alvo a atacar e outro para defender e regras específicas.

Estar dentro desta categoria implica, além de possuir as invariantes, apresentar certas similaridades com outras modalidades que também se enquadram nesta classificação, como o futebol, o basquetebol, o handebol, o pólo aquático entre outras. Estas similaridades foram nomeadas por Bayer (1994) de princípios operacionais, que se dividem em três princípios de ataque e três de defesa. Os de ataque são: conservação da posse de bola, progressão em direção ao alvo adversário e a finalização, buscando o ponto ou gol. Os princípios de defesa são: recuperação da bola, impedimento da progressão da equipe adversária e proteção do próprio alvo.

Praticar um esporte coletivo é saber jogar tanto mais sem a bola quanto com a posse dela. Sem a bola, o jogador precisa se movimentar em busca de espaços para ele próprio e para seus companheiros, principalmente para o companheiro que porta a bola, tornando-se opção de passe e procurando oportunidades de finalização. Na defesa, todos precisam estar sintonizados para fechar os espaços adversários, mas também estarem atentos para cobrir os espaços deixados pelos companheiros que falharam em sua função, pois a defesa, assim como o ataque é de missão coletiva (Balbino, 2001).

Bota & Colibaba-Evulet (2001) e Balbino (2001) abordam o Jogo Desportivo Coletivo como um sistema que se auto-organiza constantemente dentro de um movimento cíclico de equilíbrio e desequilíbrio. Assim, os jogadores procuram estabelecer e privilegiar o padrão ofensivo ou defensivo de sua equipe, na contrapartida das ações de seus adversários, que se movimentam na mesma proporção, a fim de buscar o desequilíbrio das ações ofensivas e defensivas dos oponentes. Por isso, os grandes jogadores dos esportes coletivos são aqueles que exibem a habilidade de jogar, também, sem a posse de bola (Balbino, 2001).

Garganta (1995) acredita que, por todas estas características, existem dois traços fundamentais para a prática dos esportes coletivos: a cooperação, entendida como a comunicação dentro de sistemas de referências comuns por uma sintonia nas ações do grupo, em relação ao objetivo do jogo; e a inteligência, concebida como capacidade de adaptação às situações-problema que ocorrem pela imprevisibilidade do jogo.

Em virtude desta imprevisibilidade existente nos Jogos Desportivos Coletivos, Graça (1995) apresenta duas ordens de problemas implicadas no processo de aprendizagem. Uma está relacionada à seleção da resposta adequada à situação (o quê, o quando e o porquê). A outra pauta-se na resposta motora (o como). São os questionamentos que os sujeitos fazem para si mesmos é que trazem a ação externa para seu mundo interior (Freire, 1996).

Neste contexto, a aprendizagem baseada nas habilidades fechadas, ou seja, na excessiva preocupação com a técnica em um ambiente estável e previsível, "(...) transforma-se num fim em si mesmo, perdendo sua conexão com a aprendizagem do jogo" (Graça, 2003, p.17). É importante que os jogadores estejam sempre em contato com a natureza aberta das habilidades em função da exigência do jogo, em que a capacidade perceptiva, a antecipação e a tomada de decisão desempenham papel crucial (Graça, 1995; Souza, 1999).

Na mesma direção, Tavares (1995) defende que a atuação do treinador e a estruturação do treino devem proporcionar que os praticantes entendam a "intenção tática" (o que deve ser feito) antes da "modalidade técnica" (como deve ser feito), para que as ações escolhidas pelos jogadores estejam de acordo com a antecipação das ações que os adversários têm intenção de aplicar.

A bibliografia específica do futsal apresenta duas polaridades distintas. Uma composta de autores como Santana (2001), com sua metodologia da participação e Souza (1999) com uma proposta de avaliação e metodologia do conhecimento tático, que caminham mais próximos dessa nova concepção de ensino-aprendizagem-treinamento em esportes coletivos. Na outra polaridade estão os autores (Garcia & Failla, 1986; Lucena, 1994; Mutti, 1994) que apresentam uma visão muito tecnicista, dando grande ênfase a formas corretas de realização dos gestos técnicos específicos da modalidade e a jogadas treinadas (ensaiadas) em ambiente previsível, supondo a ação dos adversários.

Nesse sentido, este texto propõe uma metodologia para o treinamento defensivo no futsal baseada numa abordagem Centrada nos Jogos Condicionados1 (Garganta, 1995), que segundo o autor, apresenta as seguintes características: decomposição do jogo em unidades funcionais - jogo sistemático de complexidade crescente; os princípios do jogo regulam a aprendizagem. As conseqüências desta abordagem são: as técnicas surgem em função da tática, de forma orientada e provocada; estímulo à inteligência tática, com a correta interpretação e aplicação dos princípios do jogo; viabilização da técnica e criatividade nas ações de jogo.

                                                                                                     https://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires

                                                                                                     Compilado por Márcio Pereira Morato - Técnico em Futsal

 

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