A relação da ansiedade e seus componentes com o futsal e a aprendizagem motora

10-11-2010 23:39


1. Resumo


Este estudo teve como finalidade definir a ansiedade e seus componentes, o futsal, desenvolvimento motor e traçar uma relação entre estes. Dentre estes componentes esta a ansiedade pré-competitiva. Vários estudos mostram que o atleta pode ter seu desempenho afetado de maneira positiva ou negativa em decorrência de seu estado emocional pré-competição. Foram observadas alterações psicológicas (ansiedade cognitiva) e fisiológicas (ansiedade somática).

Com relação à ansiedade cognitiva, observamos tensão, alteração no humor, falta de concentração entre outras.  Na ansiedade somática, verificamos sudorese, batimentos cardíacos acelerados e tensão muscular. Ficou evidenciada a importância do futsal no Brasil e sua expansão mundial. Foi observado também que a boa base motora pode ser um fator que diminui os efeitos da ansiedade sobre o desempenho do atleta. Concluiu-se que ter o conhecimento sobre a ansiedade e compreender como esta age no atleta é de suma importância para o profissional de educação física e treinadores de futsal. Assim terão mais um fator para motivar seu atleta e conduzi-lo aos resultados almejados.

PALAVRAS-CHAVE: Ansiedade; pré-competição; futsal; aprendizagem motora.


2.  Introdução

 
A ansiedade tem sido foco de investigação desde o início dos estudos sobre o psiquismo do indivíduo até os dias de hoje. FREUD (apud HERNANDEZ & GOMES 2002) trouxe a diferenciação entre ansiedade objetiva e ansiedade neurótica.  A primeira está relacionada a um perigo conhecido, real, proveniente de um objeto externo. A segunda está relacionada a um perigo desconhecido, que necessita ser descoberto, que provem de uma exigência pulsional, conforme identificado através da análise.

Mais precisamente no esporte, MORAES (1990) afirma que existe evidentemente uma relação entre ansiedade e desempenho, e que esses parecem variar de acordo com vários outros fatores como tipo de esporte, dificuldade da tarefa, traço de personalidade do atleta, ambiente, torcida. 

O futsal é um esporte praticado por grande parte da população brasileira, devido a facilidade que oferece em relação a condições estruturais para que seja jogado.  O êxodo de jogadores brasileiros para outros paises, demonstra como o esporte esta difundido mundialmente. E a evolução de varias nações esta demonstrada através dos resultados dos últimos campeonatos mundiais, onde o Brasil, que esteve presente em todas as finais, ficou ausente da final do mundial de 2004.

A bagagem motora, segundo LUCENA (2002), é à base da ação educativa e do processo de aprendizagem, através dos quais a criança possa vir a exercer bom domínio sobre seus comandos motores, sensórios motores e perceptivos motores, utilizando-os como facilitadores para o desenvolvimento de hábitos motores, sobre os quais se estruturam as ações mais complexas futuramente utilizadas.  Estas ações têm correlação com a performance que o atleta vai apresentar, tendo ainda agindo sobre si os efeitos da ansiedade.

 

3. Ansiedade


3.1 Definição


FERREIRA (2001), define ansiedade como estado emocional angustiante acompanhado de alterações somáticas (cardíacas, respiratórias, etc), e em que se prevêem situações desagradáveis, reais ou não. Harris (apud HERNANDEZ & GOMES 2002) diz que para ela aparecer não há uma necessidade de uma ameaça ao bem estar físico da pessoa, mas apenas ao bem estar mental desta.

LINDGREEN (apud VOSER 2003) leva em conta aspectos técnicos, entendendo assim ansiedade como um fenômeno animal que ora nos beneficia ora nos prejudica, dependendo de sua circunstancialidade ou intensidade, podendo tornar-se patológica, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal).

CABRAL (1997) diz que a ansiedade é um estado emocional desagradável e apreensivo suscitado pela suspeita ou previsão de um perigo para integridade da pessoa. E completa dizendo que a ansiedade, ainda que presente na competição pode afetar negativamente o desempenho do atleta, se for considerada por demasiado tempo.

Para BALLONE (2004), medicamente falando, a ansiedade é uma atitude fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo às situações novas, onde se encaixam bem as situações do esporte competitivo. As mudanças acontecidas em nossa performance física quando um cachorro feroz tenta nos atacar, quando fugimos de um incêndio, quando passamos apuros no trânsito, quando tentam nos agredir e assim por diante, são as mesmas quando nos encontramos diante de um atleta adversário.

Dentro da literatura especializada, encontramos uma inter-relação entre ansiedade, stress e emoção. De acordo com SPIELBERGER e HACKFORT & SCHWENKMEZGER (apud SAMULSKI 2002) a ansiedade é considerada uma emoção típica do fenômeno stress e entendem emoção como um processo em que os aspectos cognitivos, motivacionais, volitivos e neurofisiológicos interagem.

Para um melhor entendimento desta relação, conceituamos stress citando SAMULSKI (1995) ao dizer que o stress é um estado de desestabilização psicofísica ou a perturbação do equilíbrio entre a pessoa e o meio ambiente. Entretanto o stress faz parte da vida para a manutenção da capacidade funcional, autoproteção e conhecimentos dos própios limites. Citamos também COX (apud FILHO & MIRANDA 1998) ao definir stress como respostas não específicas do corpo para qualquer exigência feita sobre ele.

Segundo DAVIDOFF (1983), a ansiedade é uma emoção caracterizada por sentimentos de previsão de perigo, tensão e aflição e pela vigilância do sistema nervoso simpático. E ainda diz que a ansiedade e o medo na vida real não são fáceis de diferenciar. Os distingue da seguinte maneira: o objeto do medo é fácil de especificar, ao passo que o objeto da ansiedade não é claro. A intensidade do medo é proporcional à magnitude do perigo. A intensidade da ansiedade tem a probabilidade de ser maior do que o medo objetivo.

SINGER (1997) conceitua ansiedade como uma expressão da personalidade de um indivíduo. A extensão na qual a ansiedade é manifesta em uma situação particular deve ser considerada em relação à pressão imposta, ao nível de habilidade do atleta e à natureza da atividade.

LEWIS (apud COPETTI 2004) diz que a ansiedade é uma reação psicofisiológica de alerta frente a algum perigo ou ameaça. pode ser normal ou patológica, leve ou grave, prejudicial ou benéfica, episódica ou persistente, causada orgânica ou psicologicamente, ocorrida sozinha ou em co-morbidade (com outras doenças), podendo afetar ou não a percepção e a memória.


3.2 Tipos de ansiedade

SPIELBERGER (apud SINGER 1997) divide a ansiedade em dois componentes: ansiedade de estado e ansiedade de traço. Ansiedade de estado refere-se a uma reação ou resposta emocional que é evocada em um indivíduo que percebe uma situação particular como pessoalmente perigosa ou ameaçadora. A ansiedade de traço é uma característica estável do indivíduo.

HACKFORT & SCHWENKMEZGER (apud SAMULSKI 2002) definem ansiedade de traço (trait anxiety) como uma predisposição adquirida no comportamento, independente do tempo, que provoca um indivíduo a perceber situações não muito perigosas como ameaças. Já a ansiedade de estado (state anxiety) é descrita como sentimentos subjetivos percebidos conscientemente como inadequados e tensão acompanhada por um aumento da ativação do sistema nervoso autônomo.

      
Para COX (apud FILHO & MIRANDA 1998) o estado emocional imediato que é caracterizado por medo, apreensão e tensão, gerando reações psicofisiológicas como taquicardia, “frio na barriga”, “arrepio na espinha” entre outra da-se o nome de ansiedade estado, enquanto a predisposição para perceber certas situações como ameaçadoras é uma característica da personalidade e responder a isto com o aumento da ansiedade estado denomina-se ansiedade traço.

Foi observada também uma divisão em dois componentes feita por LIEBER e MORRIS (apud MORAES 1990): cognitiva e somática.  A perturbação cognitiva esta relacionada aos pensamentos e dúvidas a respeito da consecução da vitória. A perturbação somática refere-se a diarréias, aumento de pressão arterial, batimentos cardíacos aumentados, tensão muscular e palidez facial.

FILHO & MIRANDA (1998) dizem que a ansiedade cognitiva é o componente mental da ansiedade estado causado pelo medo de uma avaliação negativa e causa reações como o medo, apreensão, apatia, desinteresse, pensamentos negativos e etc. A ansiedade somática é representada pelos aspectos fisiológicos e afetivos da ansiedade e esta diretamente relacionada com a ativação fisiológica causando respostas como: taquicardia, aumento da freqüência respiratória, sudorese na mão, tensão muscular, lentidão e pouca explosão muscular entre outras.

 

3.3  Ansiedade pré-competitiva

Segundo FLEURY (2005) a ansiedade pré-competitiva é um estado emocional que se caracteriza por nervosismo, preocupação e apreensão que pode ser gerado por nossos pensamentos (ansiedade cognitiva) ou por reações fisiológicas (ansiedade somática).

Para MARTENS (apud VOSER 2003) existem muitas causas para o aparecimento da ansiedade antes da competição, mas, em geral, elas reduzem-se a dois fatores: a incerteza que os indivíduos possuem acerca do resultado e a importância que o resultado representa para os indivíduos.

COX (apud FILHO & MIRANDA 1998) diz que um dos fatores com influência mais significativa na qualidade da performance é o grau da ansiedade estado durante o tempo que precede a competição (ansiedade pré-competitiva). CRATTY (1983) afirma que nem toda a ansiedade é prejudicial. O bom desempenho requer um nível de ansiedade ótimos. BRANDÃO (1995) concorda dizendo que quando isto acontece o atleta esta psicologicamente em controle.


3.4 Aspectos Neurofisiológicos

Para WEINECK (2005), em um estado pré-competitivo, as funções do organismo são orientadas para o trabalho iminente e levadas a um nível inicial elevado, através da antecipação mental e da percepção da competição, paralelamente ao aumento dos centros motores do cérebro pela chamada coinervação central são ativados também os centros circulatórios vegetativos, desta forma o organismo consegue as condições prévias para que a carga corporal ou esportiva seja executada desde o início com grande efetividade.

GIL (2004) diz que as manifestações fisiológicas de ansiedade são diferentes de um indivíduo para o outro, variando no tipo e na intensidade das reações que também é influenciada pôr idade, sexo, droga, dieta, personalidade, estilo combativo e a sua aprendizagem.

WEINECK (2005) caracteriza o estado pré-competitivo em: 1º maior liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) adrenalina elevadas nas cargas psicológicas e noradrenalina elevada nas cargas físicas; 2º maior liberação de glicocorticóides que aumentam a liberação do hormônio adrenacorticotrófico; 3º aumento da freqüência cardíaca e do volume-minuto cardíaco; 4º aumento da pressão sangüínea; 5º aumento da freqüência respiratória; 6º aumento do tônus muscular e um aumento da sensibilidade dos fusos musculares.


Segundo GIL (2004), as reações fisiológicas são geradas pelo sistema nervoso central e autônomo é o sistema nervoso autônomo que determina resposta durante uma emoção “ansiedade” intensa, como pôr exemplo um bater mais forte do coração, pulso rápido, músculos tensos, tremores e sinais semelhantes, e que ativa as glândulas supra-renais (acima dos rins) liberando hormônios adrenalina e noradrenalina continuamente.

FLEURY (2005) identifica as reações mais comuns na ansiedade pré-competitiva como: sinais fisiológicos; alteração no sono e alimentação, tensão muscular, sensação de fadiga e alteração motora. Sinais psicológicos; instabilidade no humor, insegurança e dúvidas, irritabilidade, preocupação, sensação de confusão, alteração na concentração, tendência para pensamentos negativos, precipitação e diminuição na capacidade de tomar decisões.

E LIMA (2005) cita que, a liberação de hormônios (adrenalina, corticoiteróides, neurotransmissores químicos e etc.) aumentam a capacidade física, à concentração mental, a força muscular, o entusiasmo, melhora o humor e diminui o cansaço físico é o doping psicológico. No entanto, acima de um nível necessário, causam grandes transtornos, tais como: perdas da capacidade de concentração e de decisão, levando os jogadores a darem passes errados, chutarem com o corpo desequilibrado e se tornarem violentos em campo.

De GALAZO (2005), a ansiedade surge como mecanismo de proteção do organismo, pois ela disponibiliza energia através do aumento dos batimentos cardíacos, aumento da respiração, bem como da circulação, preparando o organismo para o embate.

Segundo EFRAIM (2005), a ansiedade esta relacionada a pensamentos negativos, associados à sensação de perigo iminente, agitação e inquietação são algumas das tensões psíquicas que fazem parte desse processo. Outros sintomas podem ser físicos: sudorese, boca constantemente seca, dores de cabeça, sensação de desmaio, aumento da intensidade e freqüência dos batimentos cardíacos, entre outros.

EFRAIM (2005) continua dizendo que compreende-se a ansiedade quando a percepção através do sistema nervoso central nos alerta para uma situação de perigo, e sua principal característica é uma excitação, uma aceleração do pensamento.

A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a intersecção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular aumento das secreções (urinárias e fecais) aumento da motilidade intestinal, cefaléia (dor de cabeça). Quando recorrente e intensa também é chamada de Síndrome do Pânico (crise ansiosa aguda). Toda esta excitação acontece decorrente de uma descarga de um Neurotransmissor chamada Noradrenalina que é produzida nas Supra-renais, Lócus Cerúleos e Núcleo Amigdalóide.

Para BALLONE (2004), diante da necessidade do atleta enfrentar algum desafio (coping) são desencadeados estados fisiológicos e psicológicos. ZAICHKOWSKY (1993), pôr sua vez, parte do princípio que este estado global do organismo pode representar uma tripla ação: a ativação fisiológica, a resposta comportamental e a resposta emocional. E a ansiedade é uma atitude fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo às situações novas.

CRATTY (1984) mostra que os sintomas fisiológicos da ansiedade súbita e intensa é a do medo: taquicardia, respiração acelerada, opressão no peito, tremor nas extremidades, sudorese e boca seca, e paralelamente ocorrem sintomas psicológicos: dificuldade de pensar de modo ordenado e a expectativa de ser ofendido.

Por MIRANDA (2005), a medicina encara a maioria das ansiedades como normais, para ser uma condição médica a ansiedade precisa atender a determinados critérios como: ocorrer na maioria dos dias num período de 6 meses e apresentar pelo menos três dos seguintes sinais e sintomas: irritabilidade, fatigabilidade, inquietação, tensão muscular, distúrbio do sono e dificuldade de concentração. É considerado normal desde que ocorra ocasionalmente e que não haja prejuízo significativo.

Segundo WEINECK (2005), uma instalação muito prematura do estado pré-competitivo pode reduzir a capacidade de desempenho, através de uma noite mal dormida ou através de uma tensão emocional mantida pôr muito tempo que leva a uma fadiga nervosa acentuada. De acordo com o grau deste estado pré-competitivo há três formas de manifestação (PUNI 1961,166f.): a prontidão para a luta (ideal); equilíbrio entre os processos de inibição e da excitação, a febre competitiva; aumento dos processos de excitação como freqüência respiratória acelerada, suor excessivo, etc., e a apatia competitiva: dominam os processos de inibição como a freqüência de pulsação muito lenta, cansaço e má disposição.

CRATTY (1984), diz que, os sinais de ativação dos atletas como: (sudorese excessiva na palma das mãos, coração bater mais forte, aumento na freqüência e amplitude de tremores musculares e aumento no piscar dos olhos) causados pela ansiedade, se interpretado como sinais de fraqueza é prejudicial, enquanto esses mesmos sinais forem interpretados como sinais eficazes para prepará-lo ao esforço máximo é correto para o desempenho máximo realizado.

Ainda segundo CRATTY (1984) a ansiedade pode elevar-se antes da competição diminuir durante e aumentar novamente após a competição, varias medidas podem ser tomadas para aliviar, pôr exemplo: o atleta será levado a entender que uma ansiedade moderada e alguns níveis de ativação que através destes os sinais fisiológicos são úteis para o desempenho, e que métodos modernos são usados juntamente com técnicas de relaxamento muscular, visam não só a ajustar os níveis de tensão e de ansiedade, mas também a melhorar o desempenho.


3.5    Comportamento

Para FLEURY (2005) um certo grau de ansiedade pode melhorar o desempenho desde que os níveis fisiológicos não sejam excessivos, um pouco de tensão aumenta o esforço e a concentração de um atleta, o desempenho deteriora-se apenas sob as condições combinadas de preocupação mais ativação física excessiva (ativação física = tensão, batimento cardíaco, respiração alterada, sudorese, etc).

Um bom desempenho depende de um nível de ativação (reação física ideal) mais o controle da preocupação, quando não consegue dominar esses fatores, as conseqüências passam a ser: tensão muscular intensa, dificuldades de coordenação motora e mudanças nos níveis de atenção e concentração, definitivos para um bom rendimento de um atleta de futsal. 

Para JÚNIOR (1998) a ansiedade pode ser positiva ou negativa.  Ela é positiva quando a ansiedade está adequada, existe uma estabilidade emotiva e o atleta possui uma personalidade sadia. Negativa quando existem tensões emocionais excessivas ou então o atleta não apresenta nenhum quadro de tensão emocional, ele se mostra ausente em relação à competição.


4.  Futsal

4.1 Histórico

As primeiras regras surgidas foram fundamentadas no futebol, basquete, pólo aquático e handebol pelo Professor Juan Carlos Ceriani da ACM de Montevidéu, como objetivo de ordenar a prática do futebol de salão durante as aulas de educação física. Por ocasião de um curso promovido pelo instituto Técnico da Federação Sul Americana de Associações Cristãs de Moços, foram distribuídas cópias destas regras a todos os representantes da América do Sul, e entre eles alguns brasileiros como Asdrúbal Monteiro, João Lotufo e José Rothier (LUCENA 2002).

No Brasil, o futebol de salão dava seus primeiros passos na década de 30, tendo como referência um trabalho de Roger Grain na revista de Educação Física no ano 1936, editada no Rio de Janeiro, publicando normas e regulamentações para a prática do futebol de salão. O futebol de salão começou a ser mais divulgado, chegando até os clubes recreativos e escolas regulares, ganhando cada vez mais popularidade; popularidade esta que de certa forma impôs a necessidade de aperfeiçoar e unificar regras de jogo para a prática em todo o território nacional já na década de 40 (LUCENA 2002).

Na década de 50 foram dados os primeiros passos para a institucionalização do esporte, com a criação em 1954 da Federação Carioca de Futebol de Salão, posteriormente surgindo as federações paulista, mineira, paranaense e gaúcha. Em março de 1958, a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) oficializou a prática do futebol de salão no pais, fundando o Conselho Técnico de Futebol de Salão, tendo as federações estaduais como filiadas (VOSER & GIUSTI 2002)

Na década de 90 ocorreu a grande mudança na trajetória do futebol de salão, pois é feita sua fusão com o futebol de cinco (prática esportiva reconhecida pela Fifa). Surge então o "Futsal" terminologia adotada para identificar esta fusão no contexto esportivo internacional. Com a sua vinculação a Fifa, o Futsal dá um grande passo para se tornar desporto olímpico, tendo na Olimpíada de Sidney-Austrália do ano 2000 o maior momento de toda a sua trajetória histórica (LUCENA 2002).


                            
4.2  Cronologia do Futsal (MUTTI 2003)

1949 - A ACM do Rio de Janeiro organiza o primeiro torneio aberto de futebol de salão para meninos entre dez e quinze anos.
1954 - Em 28 de julho é fundada, no Rio de Janeiro, a primeira entidade oficial, a Federação Metropolitana de Futebol de Salão, na sede do América Futebol Clube.

1955 - Em 14 de junho é fundada a Federação Paulista de Futebol de Salão.

1956 - É realizado o primeiro campeonato da cidade do Rio de Janeiro, com 42  disputantes, cabendo ao time carioca "Imperial" o título de primeiro campeão.

1958 - A Confederação Brasileira de Desportos resolve oficializar a prática de futebol de salão, uniformiza suas regras e funda o Conselho Técnico de Futebol de salão tendo as Federações Estaduais como filiadas.

1959 - Primeiro Campeonato Brasileiro de Seleções. A seleção do Rio de Janeiro fica com o título, Seleção Paulista fica com o vice-campeonato.

1971 - É fundada no Rio de Janeiro, a Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), contando com a filiação de 32 países que praticavam o futebol de salão nos moldes brasileiros. O primeiro presidente, é João Havelange.

1981 - A CBFS consegue sua sede própria.

1982 - É realizado o primeiro campeonato Mundial de Seleções de Futsal, no ginásio do Ibirapuera o Brasil torna-se o primeiro campeão vencendo o Paraguai.

1985 - O segundo Campeonato Mundial de Futsal é realizado na Espanha e o Brasil torna-se bi vencendo a própria Espanha.

1988 - Na terceira edição do Mundial de Seleções o Paraguai surpreende o Brasil e fica com o título na Austrália.

1989 - A Holanda é sede do quarto Mundial de Seleções, mais uma vez o Brasil conquista o título diante dos donos da casa.

1990 - A FIFA homologa a supervisão do Futsal mediante extinção da Fifusa e cria sua comissão de futsal. Posteriormente, algumas Federações desistem de acabar com a Fifusa e elegem o Sr. Antonio Alberca presidente.

Surge o termo Futsal.

1992 - Na quinta edição do Mundial de Seleções, o Brasil conquista seu quarto título diante dos Estados Unidos em Hong Kong. A organização fica por conta da FIFA.

1996 - Sexta edição do Mundial de Seleções, o Brasil conquista o Penta-campeonato Mundial diante da Espanha, donos da casa.

2000 - Sétima edição do Mundial de Seleções, na Guatemala, o Brasil é surpreendido pela Espanha na Final

2002 - É realizado o primeiro Brasileiro de Seleções Feminino em São Paulo, a Seleção Paulista é a campeã de forma invicta.

2003 - Por intermédio de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o Futsal é incluído nos jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro. A Federação Paulista de Futsal lança um projeto em prol do Futsal: "Eu Quero Futsal Olímpico".
 


5. Aprendizagem  Motora

Segundo FRANCO (2000), todo comportamento humano é aprendido, todas as formas mais organizadas de vida animal aprendem, mas a importância da aprendizagem é maior quanto mais evoluída é a espécie. Toda aprendizagem promove uma modificação no comportamento, mesmo que a mudança não se evidencie imediatamente. Diz ainda que começamos a aprender desde antes do nascimento e continuamos até a morte.

Para LUCENA (2002), o desempenho técnico de uma criança está diretamente ligado às suas possibilidades motoras, ou seja, para exercer total domínio sobre as técnicas individuais de um desporto, faz-se necessário que a criança tenha total domínio sobre seus movimentos.

MARTENS (apud VOSER 2003) certifica que existe um nível ótimo de ativação da ansiedade para execução de habilidades desportivas, sendo que o mesmo varia de atleta para atleta e modalidade esportiva.

MURPHY & WOOLFOLK (apud BURITI 2001), na literatura sobre comportamento motor, afirmam que o estado de ansiedade tem sido tradicionalmente definido como de natureza intimamente associada à provocação. A ansiedade e auto-eficácia possibilitam meios de avaliação da relação entre as intervenções cognitivas e o desempenho motor.

GUZMÁN, ASMAR, FERRERAS (apud HERNANDEZ 2002) observam que a sintomatologia da ansiedade produz efeitos negativos no rendimento do desportista, como a inibição de suas habilidades motrizes finas, a diminuição da capacidade de tomada de decisão. E SINGER (1997) diz que tanto o nível de ansiedade estado e de traço dos atletas deverá produzir efeitos razoavelmente predizíveis em seu desempenho esportivo, dependendo da natureza da atividade, onde está sendo desenvolvida e sob que condições, tanto quanto do nível de habilidade do atleta. 

6.  Conclusão

Observamos que a ansiedade pode influenciar de maneira positiva ou negativa o desempenho do praticante. Um certo grau de ansiedade pode atuar a favor do atleta, desde que as alterações fisiológicas deste não sejam excessivas. Mas caso as alterações fisiológicas sejam excessivas (sudorese, alteração da respiração e tensão entre outras) o desempenho vai estar abaixo do esperado.

A ansiedade também pode ser um fator motivacional ao atleta de futsal, pois o treinador tem grande importância na percepção deste em relação ao ambiente que antecede o jogo, transformando os aspectos negativos em aspectos positivos, através do controle emocional.  Este controle por parte do treinador pode ser feito através de palestras, vídeos ou frases que despertem a vontade de vencer do atleta.

Em relação à pré-competição, verificamos que a ansiedade interage com facetas do comportamento e dentro de inúmeras situações, que em tais parâmetros influenciam em sua manifestação: personalidade, motivação, adversário, público, local, atenção, idade, treinador, condição de treinamento, concentração e meditação.

No que diz respeito a aprendizagem motora, ficou evidenciado que o atleta que tem uma base motora rica em vivências diversas, pode se sair melhor (mesmo estando sofrendo os efeitos que a ansiedade traz), que outro praticante que não tenha base motora adequada e esteja na mesma condição em relação aos efeitos da ansiedade.

Por fim, concordamos com SINGER (1997) quando afirma que existe um nível ideal de ansiedade para cada atleta, na medida em que este entra na competição. O estado de intensidade deve ser compatível com a natureza da atividade, para que se obtenha resultados favoráveis.

 

Autor:  Fábio Gomes Rocha
           Júlio César Queroz do Nascimento
           Marcelo Francisco da Silva
           Sidney Lazarini

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